quinta-feira, 26 de outubro de 2006

da série: FILMES DA 30a MOSTRA DE CINEMA DE SP

"CANDY" , de Neil Armfield [Austrália, 2006, 116', com Heath Ledger, Abbie Cornish e Geoffrey Rush]. Vejo alguns perigos nesses filmes sobre viciados em drogas pesadas: o perigo de acabar fazendo um elogio semi-descarado ao comportamento auto-destrutivo e niilista, fingindo que ser junkie é a coisa mais cool e adorável desse mundo; o perigo de ser "unilateral", destacando só o fator "trágico" e destruidor das "drogas" sem nunca citar as possibilidades de uma transformação de consciência positiva ou os prazeres que elas possibilitam; e o perigo, no outro extremo, de cair num discursinho moralista que só sabe proibir, dizer que não pode e retratar uma "juventude perdida" que tá precisando de disciplina e palmatória...

Da década de 90 pra cá, principalmente, uma boa leva de filmes envolvendo junkies chegaram às telas conseguindo driblar esses erros e acabaram virando semi-clássicos do cinema contemporâneo: por exemplo a clássica sátira grotesca que é o Trainspotting de Dayne Boyle, a tragédia modernosa e epifânica de Réquiem Para um Sonho, a crônica dark e realista do Drugstore Cowboy do Gus Van Sant, entre outros menos impressionantes... Apesar de eu gostar dos três, tenho lá minhas objeções a cada um deles: os personagens de Trainspotting me parecem mais personagens caricaturais saídos de alguma HQ contracultural do que pessoas reais; Réquiem Para Um Sonho exige uma mente disposta a ser bombardeada por aquele monte (às vezes excessivo) de pirotecnias e pirações visuais; e o Drugstore Cowboy, pelo menos no meu caso, me pareceu "frio" demais, sendo que eu num pude sentir nenhuma ligação afetiva ou de identificação com aqueles personagens...

Este Candy, primeiro filme do diretor australiano Neil Armfield, se não chega a ser um primor de originalidade, pelo menos merece um lugar ao lado dos três citados como um dos melhores "filmes sobre drogados" que já foram feitos - principalmente por dar ao espectador um casal junkie memorável, Dan & Candy, que parecem gente de verdade, quase que uma versão reloaded de Sid & Nancy (mas sem o punk rock como trilha sonora)...

"Quando você pode parar, não quer; quando quer parar, não pode..." - é o que diz o personagem de Geoffrey Rush ao casal protagonista de Candy, numa frase que serve bem pra descrever o dilema de todos os junkies. E é nessa armadilha que eles vão cair: a ilusão de que conseguiram atingir um paraíso terreno através dos entorpecentes vai fazer com que eles continuem usando, mais e mais, até que percebam, tarde demais, que o paraíso se transformou numa prisão infernal... Como quem lê um romance de William Burroughs, vamos acompanhando a via-crúcis desses dois amantes que, apesar de viverem sim momentos lindos e idílicos de dar inveja (muito bem simbolizados por aquelas cenas maravilhosas filmadas debaixo d'água, quando eles parecem dois bebêzinhos se deliciando num oceano de sensações gostosas...), têm que passar por todos os imensos sofrimentos, privações e coisas fodidas da vida junkie.

Sim, é a velha história contada mais uma vez: dois jovens que se tornam escravos das substâncias químicas, que supostamente deveriam trazer a libertação, vão sendo conduzidos por ela - como marioenetes na mão da Deusa Heroína... - a "fazer bobagem". O filme se concentra na narração das aventuras e desventuras do casalzinho enquanto faz todo o possível e o imaginável para conseguir aquelas substâncias preciosas - que os seus corpos já consideram tão vitais quanto água ou oxigênio. E vocês sabem: para um junkie não existe lei nem moral, não existem limites nem proibições: o único poder a que respondem é o mandamento do corpo sedento que exige, que berra, que suplica por uma agulha na veia. E eles, claro, farão de tudo - incluindo trapaças, roubos e prostituição - para conseguir droga, enquanto tentam manter muito à custa a fachada de marido e mulher "normais" e saudáveis, principalmente tentando enganar os pais da moça. Apesar de uma certa previsibilidade (pelo menos para quem tem consciência de qual é o percurso natural percorrido por todo junkie: sempre em direção ao inferno...), dá pra assistir Candy com muito gosto.

Só como comédia, Candy já vale a sessão: o filme consegue ser imensamente cômico em vários momentos, mostrando as estratégias espertalhonas que os dois amantes usam pra faturar grana fácil (indo vender a máquina de lavar alheia, escondendo óculos de sol em copos de refrigerante e passando trotes para descobrir senhas de cartão de crédito, por ex.). Mas o filme não fica empacado na comédia levinha e visita a tragédia e o drama num pulo - e vai fundo.

Consegue realmente atingir alguns extremos de dolorosidade que deixam o espectador de coração apertado - especialmente a cena em que Candy tem uma overdose e recebe injeção de sal na veia, no maior improviso; a cena que envolve um feto humano abortado sendo acariciado; e os dias e dias de convulsões, calafrios e vomitação quando os dois passam pelo tormento intolerável de uma crise de abstinência que impõe a si mesmos... Não é para os estômagos sensíveis.


A Candy que dá nome ao filme, e que supostamente deveria ser a personagem principal, consegue ser uma personagem bem irritante, muitas vezes - e isso não por falta de talento da atriz Abbie Cornish, que manda muito bem. Candy é uma menininha mimada e temperamental, filha única de uma família burguesa, acostumada a ser paparicada e a receber de mão beijada tudo o que quer. Manipuladora e cínica, explode muito fácil em histerias e crises nervosas, como se estivesse numa TPM full time.

Já Dan, o personagem de Heath Ledger (conhecido como um dos caubóis de Brokeback Mountain), é um verdadeiro perdido na vida, sem família, sem trampo e sem rumo; sua vida inteira se resume aos seus dois amores: Candy e a heroína. Ledger, num de seus melhores papéis, encarna muito bem esse sujeito que, apesar de perdido, consegue continuar sempre gente-boa e sossegado. Depois de ter caído apaixonado por essa loura estonteante e irresistível que é Candy, ele sempre se esforça por não brigar e nunca morder a isca que ela coloca para ele explodir... E olha que ele precisa ter um sangue-frio imenso pra não estourar de raiva com todas as encheções de saco de Candy, que muitas vezes lhe trata como lixo, taca cinzeiros de vidro maciço na cabeça, quase rachando-lhe o crânio, e lhe corneia com a maior indiferença pelos sentimentos dele...

Que as coisas acabassem mal era bem previsível, desde o início, e até mesmo o nome dos três "capítulos" do filme - "heaven", "earth" e "hell" - já dão a dica de que o ônibus tá descendo a encosta... Mas a maneira como a coisa termina, sem nenhuma grande tragédia melodramática, mas também sem soluções fáceis e convenientes, é até inesperada e, no meu ver, muito adequada pra fechar o filme dando ao espectador o que refletir.

Por que será que Dan, que dizia que "Candy era tudo para ele", não se empolga e se anima quando ela ressurge das cinzas do vício, depois da reabilitação, limpinha e saudável, para visitá-lo? Por que, justo nesse momento tão alegre de reencontro, ele meio que dá o ultimato ao relacionamento? Seria simples dizer que ele, talvez, simplesmente não a amasse mais. Mas essa explicação não me satisfaz, até porque aquele último beijo foi ainda o beijo de dois apaixonados... E fiquei pensando.

E pensei que uma das possibilidades para aquele rompimento meio brusco era a de que ele, Dan, estivesse tentando salvar Candy de um imenso perigo: ele mesmo. Ele sabia que tinha feito mal pra ela, como um veneno ou uma comida que dá alergia; talvez se sentisse até um tanto culpado por ter levado-a pelo "mau caminho", por tê-la iniciado nas drogas pesadas, por tê-la "puxado" para o seu mundo. E então se decide, ao reencontrá-la, "salvá-la". Talvez.

Aqueles minutos finais, com os dois sentados frente a frente numa mesa de um restaurante vazio, me pareceram uma maneira muito sutil e interessante de acabar o filme. As palavras, naquele momento, pareciam engasgadas na garganta dos dois e o diálogo se deu mais através dos corpos, dos toques, dos beijos, dos olhares, das lágrimas - algo que me fez lembrar o plano final do Marcas Da Violência, do Cronenberg, também marcado por um "diálogo silencioso". Ao final de Candy, são os rostos que conversam e que se passam mensagens: são os sinais na face destruída e cansada dele, aqueles olhos margeados pela roxidão das olheiras, que "confessam" a Candy e ao mundo que ele prossegue na vida junkie. São aquelas lágrimas e aquele "there's no turning back" que ele diz, balbuciado, que mostra que ele não se vê com chance alguma de se reerguer... Ele que, aliás, não tem um papai compreensivo e cheio da grana que iria interná-lo num clínica de reabilitação, ele que não tem ninguém no mundo que se importe se ele está vivo ou não, ele que, no fundo, está completamente abandonado... um caso perdido.

E Candy, depois da perdição e da loucura, reaparece naquele restaurante decadente tendo voltado a ser a loira lindinha e radiante, com jeito de top model, limpinha das drogas, de volta ao modo burguês de ser... E é como se Dan lhe dissesse, só com os olhares, com uma tristeza abissal misturada os restos de amor que ainda tem por ela: "Vai embora, Candy... Vá embora que tudo o que eu consigo fazer é te puxar pra baixo, pro meu buraco... Some daqui, amor, que eu só posso te estragar..." Prefere não possui-la, abrir mão dela, deixá-la voar, e isso por saber que, por mais que a ame, ele não vai lhe trazer nenhum bem.

Ou talvez não seja nada disso. Talvez a coisa não tenha nada a ver com "generosidade" ou preocupação com a felicidade dela. Pode ser que tudo o que ele queria, ao dizer esse doloroso adeus, era superar outro de seus vícios: uma linda menina loura com nome açúcarado, de quem seu corpo tinha mais necessidade do que de água, e que agora era preciso aprender a viver sem...

(8.8 / 10.0)

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

da série: FILMES DA 30ª MOSTRA DE CINEMA DE SP

"O GRANDE TRUQUE" (The Prestige), de Christopher Nolan [EUA, 2006, 130']. O filme acabou e eu já tava louco pra ver de novo. E isso num costuma acontecer com tanta frequência, ainda mais quando se trata dum filme que fui ver com expectativas altas (ou seja: com alta possibilidade de decepção!) e exigindo nada menos que uma obra-prima dum diretor de quem eu já era fã confesso. Saí imensamente satisfeito: extremamente excitante esse avanço vertiginoso numa trama que vai se complicando mais e mais; legal demais esse quebra-cabeça fílmico que parece que vai ganhando novas peças enquanto nós o vamos montando; massa pra caralho esse monte de reviravoltas e surpresas que vão mudando, repetidas vezes, toda a nossa idéia do que aconteceu anteriormente...

Só no Vertigo - Um Corpo Que Cai, o clássicão do Hitchcock, eu me lembro de me ter sentido tão boquiaberto por uma trama que não pára de surpreender - e nem cheguei a me irritar com os "absurdos" do roteiro e as partes "ficção científica" e "forçação de barra". O Grande Truque é cinema de entretenimento de primeira qualidade, conduzido com mão de mestre por um dos mais talentosos dos jovens cineastas desse mundo, atuado com perfeição por um quinteto de atores principais irrepreensível (Christian Bale, Hugh Jackman, Michael Caine, Scarlett Johansson e David Bowie! Uau!), com um roteiro que deixa a gente besta e pensando: "como é que esses putos conseguem pensar em tudo isso?". Que filme foda!

Eu, que sou fã confesso e declarado de Amnésia (Memento), um dos meus 10 filmes prediletos em todos os tempos e um dos poucos que eu sou capaz de assistir uma dúzia de vezes sem enjoar, só admiro mais o gênio de Chris Nolan depois de ter assistido esse O Grande Truque - sem falar que curti muito mais do que eu esperava o Batman Begins que ele comandou (talvez meu filme de super-herói predileto...) e o Following, seu filme de estréia, um thriller genial.

O Grande Truque, que estréia nos cinemas comerciais em 3 de Novembro, é mais uma prova cabal do gênio desse jovem inglês que tem tudo pra se tornar um dos maiores Mestres do Cinema hoje vivos. Sério. O filme funciona perfeitamente como uma diversão estilosa, um eye-candy saboroso, um hollywoodiano de classe, mas não deixa de possuir "outros níveis", mais profundos, para agradar os espectadores mais exigentes. Vale como uma análise penetrante de vícios humanos como a inveja, a obsessão e a competitividade doentia; vale como um retrato de personagens "mascarados" cujas vidas estão todas envoltas na necessidade de iludir o mundo (um ponto de contato com "Amnésia"); e, claro, como uma filosofagem bacana sobre todo o lance da mágica e do poder dela sobre nós.

Dá até pra estabelecer um paralelo de "mensagem" entre O Grande Truque e Amnésia, uma espécie de "moral da história" que é bastante similar nos dois filmes: o fato de que eles nos acusam, a nós humanos, a todos nós, de preferirmos as ilusões confortáveis e radiantes às verdades cruéis e árduas. Toda a atração da mágica não está em qualquer verdade que ela nos conta, é claro, mas na ilusão que ela induz - o que é bastante óbvio numa arte cujo sinônimo é "ilusionismo". Mas o que falta sublinhar é: nós gostamos de mágica justamente porque nela somos enganados, ludibriados, iludidos; e se soubéssemos a verdade, se o truque nos fosse desvendado, tudo iria, num piscar de olhos, perder completamente a graça.

Claro que temos uma imensa curiosidade para saber como é que esses caras, os mágicos, aparentemente sobre-humanos e eleitos pelos deuses, conseguem fazer todas essas coisas espantosas - mas essa curiosidade, se satisfeita, só nos decepcionaria. É por isso que David Blaine era muito mais legal que o Mister M - cês num acham? De qualquer jeito, Chris Nolan insiste nessa mensagem de que nós fugimos da verdade e procuramos a ilusão - e usa um filme sobre mágica como um exemplo supremo de um domínio onde a verdade não tem graça. Quem soube prestar atenção ao Amnésia também sabe que no caso de Lenny, o personagem principal, a fome de (auto)ilusão também é o que o move e a grande maioria de seus atos é uma tentativa de não descobrir a verdade sobre si mesmo e sua vida.

Quem já aprendeu um ou outro truque de magia e já conseguiu fazê-lo com sucesso na frente de alguém sabe bem o tamanho do "barato" que dá esse tipo de coisa... e não são poucos os que tem sonhos infantis - eu tinha os meus... - de se tornarem mágicos quando crescerem. Fácil ver porquê: a gente imagina o imenso poder que teria sobre os outros se tivesse em mãos esses segredos: a capacidade de ser admirado, de ser tratado como alguém "especial", detentor de capacidades sobre-humanas, quase um semi-deus... Talvez por isso, numa das últimas cenas do filme, quando os dois mágicos inimigos estão em seu último duelo, Angier diga a seu opositor que toda essa luta e sacrifício não tinha sido só por ambição ou por egotismo; era uma luta por conquistar, no olhar do público, aquele brilho, aquela chama, aquela inexplicável alquimia que faz com que eles vejam a vida como algo de fascinante e cheio de magia...

Não sei se foi consciente e intencional, mas O Grande Truque também pode nos fazer estabelecer uma analogia - até meio clichê - entre o cinema e a mágica. E talvez Chris Nolan considere seu papel de cineasta quase como o de um mágico, tentando fazer com que surja em nós, através desse espetáculo de imagens em movimento e de acontecimentos extraordinários e inacreditáveis, aquele gaze of amazement que é o que tantos cineastas procuram instigar no público... E, falando por mim, ele conseguiu ser imensamente bem sucedido: poucas vezes saí do cinema tão envolto na famosa "magia do cinema". Como diziam os Pixies: "I'm amazed!"

(9.3 / 10.0)

p.s.: Ver o rostinho da Scarlett Johansson, com aqueles olhinhos verdes mortíferos, aqueles beiços carnudos e aquelas pintinhas charmosas, projetada gigante numa tela de dezenas de metros, é uma porra duma EXPERIÊNCIA ESTÉTICA de tirar o fôlego... Dava vontade de levantar do assento e gritar pro projecionista dar um PAUSE só pra gente ficar uns 5 ou 10 minutos admirando a Scarlett no freeze. Pô, tem nêgo que fica olhando meia hora pra Monalisa, aquela baranga... por quê não 10 minutos de CONTEMPLAÇÃO dessa outra obra-prima, Miss Johansson? Ela é a Marilyn Monroe da nossa geração! :D

da série: PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS.

Dá pra ser ateu vendo uma coisinha dessas?
Fala sério: isso só pode ser obra divina... :)

domingo, 22 de outubro de 2006


da série: FILMES DA 30ª MOSTRA DE CINEMA DE SP


"OLHE PARA OS DOIS LADOS" (Look Both Ways), de Sarah Watt [Austrália, 2006, 110']. Nem é por vontade de começar esse texto - e com o pé esquerdo! - com um comentário machista, mas o lance é que só agora me dei conta de como é raro a gente ouvir falar de uma mulher cineasta, de responsa e de talento, que tenha marcado a história da sétima arte... Vasculhei essa minha mente de cinéfilo, lotada de nomes de grandes diretores, viajando de década a década, e voltei quase de mãos vazias desse passeio pela memória: só achei Sofia Coppola, Samira Makhmalbaf, Carla Camurati... e ninguém mais. Será o meu conhecimento cinematográfico que é muito raso, minha memória que tá má de saúde ou é verdade que as Grandes e Geniais Diretoras Mulheres estão quase que completamente ausentes da história do cinema? Qualquer dia googleio um "great female directors" pra ver o que sai - agora tô ocupado escrevendo isso aqui...

Mas a coisa parece estar mudando. 2006 já nos entregou dois grandes filmes realizados por garotas (e o novo da Sofia tá chegando aí...): o adorável Eu, Você E Todos Nós (Me And You And Everyone We Know), estréia da artista plástica americana Miranda July como diretora, roteirista e atriz, e esse igualmente magnífico Olhe Para Os Dois Lados, da australiana Sarah Watt. Pela primeira vez eu tô realmente sentindo firmeza na mulherada cineasta no cinema - e é bom ficar de olho nessas duas novas e talentosas moças, que tem tudo para nos darem, no futuro próximo, filmes pra calar a boca de qualquer "machista cinematográfico"... :)

Não que o fato de ser uma mulher quem está no comando do leme seja tão fundamental assim neste Olhe Pra Os Dois Lados, um filme que não tem nada a ver com coisas como discursos feministas, análises históricas da opressão da mulher ou temáticas relacionadas à "guerra dos sexos". Sarah Watt fez um drama semi-cômico, simples e singelo, realista e tolerante, aparentemente pouco ambicioso, centrado no cotidiano, e que trata com muita sensibilidade e leveza assuntos altamente mórbidos - desastres, mortes, lutos e tentativas de suicídio, entre outras coisas. E que, como "comédia romântica", consegue ser bastante original, pontuando a relação dos pombinhos com silêncios, momentos de timidez e diálogos saborosos. Sem falar que tem uma das cenas de sexo mais bizarras e lotadas de humor negro que eu já tive o prazer de ver...

A morte está em todo lugar neste Olhe Para Os Dois Lados, rodeando como uma assombração as vidas desses personagens, aparecendo dezenas de vezes na tela, como se aquela velha dama vestida de negro e carregando uma foice tivesse sido escalada aqui como uma das personagens principais - o que "ela" é. Tanto que eu até fiquei com a leve impressão de que o filme de Sarah Watt pudesse ter tirado um pouco de inspiração de A Sete Palmos (Six Feet Under), o genial seriado criado por Alan Ball (o diretor de Beleza Americana) e que também tem essa marca característica: retratar relações humanas de um jeito bem pé-no-chão e sempre com a morte onipresente dominando o "pano de fundo". Eu, que considero Six Feet Under uma das melhores coisas que já existiu na televisão (em todos os tempos!), não preciso nem dizer o quanto me empolga que filmes - e ótimos filmes! - estejam sendo filmados com temática semelhante.

A morte, de um jeito ou de outro, está ultra-presente na vida de todos os personagens principais do filme de Sarah Watt, mas o destaque supremo, claro, é para o casalzinho que vai protagonizar essa tragi-comédia: o fotógrafo Nick (William McInes, que é a cara do Magáiver!), que logo nas primeiras cenas descobre que está com câncer (lembrei na hora do enredo de O Tempo Que Resta, o mais recente filme do François Ozon) e a pintora Meryl (a lindinha Justine Clarke [foto abaixo]), que acabou de enterrar o seu pai.


Além de funcionar bem como um drama semi-cômico envolvente e sensível, com pitadas certeiras de humor e uns trechos de animação muito bem inseridos no conjunto, consegui enxergar no filme, meio escondida, uma "profundidade" notável - principalmente por colocar os dois personagens principais, os dois apaixonados, numa espécie de "dilema existencial". Me explico: os dois se conheceram, meio que se apaixonaram, dormiram juntos e estão prestes a começar uma relação que promete ser das boas. O problema, é claro, é que o cara está com câncer e pode não ter muito tempo de vida pela frente - e ela, durante grande parte do filme, não sabe disso.

Do lado dele, o dilema é: conto ou não conto? A verdade poderia fazer com que ela se afastasse, rompesse a relação, pelo desejo de não se envolver com alguém que ela sabe que irá perder... Para ele não seria melhor manter o segredo e aproveitar ao lado dela, numa boa, os últimos momentos felizes de sua vida? Mas até quando ele poderia manter isso escondido? E seria justo e leal omitir uma verdade desse tipo?

Já do lado dela, o problema não é menos complicado: valeria a pena começar uma relação com um condenado à morte? Teria algum sentido criar um laço forte com alguém que em pouco tempo seria levado embora pela doença? Pra quê criar um vínculo que teria que ser irremediavelmente rompido?

Sei que entregar fim de filme é uma das únicas coisas que um jornalista cultural não pode fazer de jeito nenhum, dizem... se não quiser ser xingado e linchado pelos leitores! Eu pelo menos aviso: PAREM DE LER agora se não querem ter a surpresa estragada... mas pra que eu explique porque gostei tanto desse Olhe Para os Dois Lados, porque saí do cinema alegre e com a sensação de ter recebido uma lição de vida totalmente afirmativa e reconfortante, tenho que falar algumas coisas sobre como as coisas acabam. Não tem jeito de dar uma opinião sobre um filme sem comentar o final.

Pois bem: o público sedento por um final feliz, com beijo na boca melado no meio da tempestade, vai ganhar o que pede e sairá do cinema contente - mesmo que a diretora, com uma sutilidade brilhante e sem nenhum gosto pelo melodrama fácil, nos lembre que a doença do moço fará com que esse caso de amor esteja condenado a não durar. Mas, afinal de contas, e isso é o mais bonito aqui, eles escolhem o amor, mesmo na iminência da morte, mesmo rodeados pela morte, mesmo atolados num imenso lamaçal de morte, talvez porque saibam que é exatamente por isso - pelo fato de a vida estar totalmente impregnada com a morte... - é que o amor é imensamente necessário e vital. Sim, ela sabe que vai perder o seu amado, que vai vê-lo adoecer, que vai testemunhar seu estado de saúde deteriorar, que vai ter que, no final de tudo, suportar a perda e o luto... Mas ainda assim diz sim.

Por quê? Talvez porque, amiguinhos, se só fôssemos nos entregar ao amor se tivéssemos a certeza de que ele seria eterno, provavelmente não nos entregaríamos nunca - pois quando é que essa certeza existe? E quando é que existe sem nenhum sinal de dúvida? Pior ainda: o que existe, quase sempre, é a certeza contrária: a certeza de que ele, o amor, vai acabar, cedo ou tarde, por morrer. Mas mesmo assim... não valerá a pena? Vale a pena amar alguém, sabendo que ele vai morrer? Vale a pena se entregar a um amor, mesmo sabendo que o sentimento provavelmente irá se modificar, se transformar, talvez murchar, talvez morrer? Eis a questão.

Conheço poucos finais de filmes românticos mais bonitos do que esse (ok: pau a pau com o desfecho do Antes do Pôr-Do-Sol, do Richard Linklater, e do meu adorado O Raio Verde, do Eric Rohmer). Esse "sim!" consumado entre os dois, esse "sim!" que surge mesmo na certeza de que o amado está prometido à morte... Por quê? Porque no intervalo que ainda resta, nesse meio-tempo de sobrevivência, enquanto a foice ainda não desceu para cortar cabeças, eles sabem: o amor é a única coisa que vale a pena. Mesmo com o sofrimento e a certeza de derrota final.

E quem foi que disse que o amor é só delícia? Que ingenuidade... Ela sabe sim que vai sofrer; sabe que vai ser terrível ver o amado sendo devorado pela doença; sabe quão difícil vai ser o luto... e mesmo assim, diz sim! Porque quem tem muito medo de sofrer, tem muito medo de amar... e quem tem muito medo de amar, provavelmente nunca vai viver uma vida digna de ser vivida. E é isso que esse adorável casal de Olhe Para Os Dois Lados parece ter descoberto tão bem: que a morte está em todo lugar, que a morte é sempre possível, que ela está de tocaia em cada esquina e detrás de cada porta, mas que o medo dela não pode nos impedir que a nossa entrega à única coisa que faria a vida, mesmo que curta, valer a pena: o amor.

É preciso dizer "sim!" - e o "sim" deles nos enche de vida e de vontade de dizermos sim nós também.

(9.2 / 10.0)

AINDA DÁ PRA VER...
Na Terça, 31/10, 22:00, no Unibanco Arteplex II (R. Frei Caneca)

CAMINHOS ALTERNATIVOS...
ROTTEN TOMATOES - VARIETY - SITE DA MOSTRA

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Blog em estado de hibernação por tempo indeterminado.

quinta-feira, 5 de outubro de 2006


UM DESABAFO E UM AMONTOADO DE SONHOS...

Tem dias que não tem jeito: é melhor me deixar quieto no meu canto, lambendo minhas feridas, que eu não quero papo com ninguém. Quero ficar sofrendo, na minha, sem consolo. Posso até fazer cara de dodói, meio que tentando capturar a compaixão dos outros, mas a verdade é que, se chegar perto, eu enxoto. Me deixem só com a minha dor – só quero um quarto com porta trancada pr’eu poder chorar o quanto eu quiser, até pegar no sono, até o mal-estar passar, até tudo por dentro secar...

Não sei se vejo mais sentido em qualquer coisa. Não sei se quero continuar frequentando essas aulas que assisto sem nenhum prazer, nenhuma empolgação, frente a professores que eu mal consigo admirar, me dando lições que não melhoram minha vida em nada... Por que é que minha ingenuidade tem sempre que ser assim tão judiada? Eu que imaginava que a filosofia poderia ser uma jornada de radical transformação espiritual, que eu beberia com fome e com entusiasmo as lições de sabedoria que cairiam das bocas dos mestres, que dia a dia sairia dali transformado, mais forte, mais sábio, sabendo melhor como é que se vive e quem é que eu sou... E hoje me sinto sem nenhum ânimo para, em todas essas noites, ir lá para o meu encontro marcado com os mortos. E os mortos-vivos. Todos comendo entediados – e eu também, claro, completamente entediado – esse amontoado de raciocínios gelados que podem até alimentar a cabeça e a vaidade, mas que deixam o coração murcho, murcho, murcho...

Não sei mais se quero saber de salas-de-aula, essas câmaras de tortura, essas prisões... Tô com fome de ar puro e de brisa matinal, de maresia batendo no rosto, de areia entre os dedos, de deitar na grama debaixo de árvores, olhando pro céu, e de flutuar no mar debaixo das estrelas e das nuvens... Tô hippie! Quero fazer iôga no bosque e fumar haxixe pra me conectar melhor com a Mãe Natureza! Encontrar o Brahman, atingir o Nirvana, esses troços todos... Queria uma rede estendida entre duas palmeiras, uma caipirinha nas mãos, só pra ficar lendo Osho, ouvindo Jack Johnson e vendo as meninas passando...

Não sei mais se quero saber de livros, de textos, de palavras difíceis, pensamentos complexos, toda a gabarolice intelectual... Não sei se aguento mais pessoas que só abrem a boca pra tentarem mostrar o quanto são inteligentes e capazes de lindas complicações racionais. Tenho essa fome ardente de aventura, de perdição, de beijos e abraços, de calores humanos, de insanas loucuras, de barulho rock and roll, de ficar tri-bêbado e dando risada de tudo, de perder a noção e a compostura, de conversar através das madrugadas, sem peias, sem travas, sem vergonhas, sobre tudo e sobre nada, até o Sol nascer (“milááááágre!”, gritam juntos os bêbados)...

E também não sei mais se quero saber de continuar tendo relações que ficam sempre à superfície, nas amenidades doces, na simpatia cuidadosa entre estranhos, sem nenhum esforço de perfuração e de intimidade, sem que nunca cheguemos a realmente nos conhecer nem muito menos conectar nossas vidas... Quero que desçam na minha alma – lá no lodo, lá na lama, lá no fundo... Não sei mais se suporto, mais uma vez, continuar andando pelo mundo sentindo como se nenhuma das pessoas ao meu redor realmente me conhecesse e compreendesse, sentindo que somente trombamos uns com os outros sem nunca estabelecer um vínculo mais fundo, sentindo mais uma vez como é difícil vencer os muros que erguemos para nos protegermos uns dos outros e que nos condenam, carcereiros de nós mesmos, à solidão e ao desamor... Life is so fucking lonely.

Não sei se quero mais esse blog. Pra que tanto esforço, tanta dedicação, tanto trabalho (escravo, aliás...), pra tão pouco aplauso? Vocês aí bem que podiam pagar um pouco de pau pra mim, de vez em quando (sem querer ser pidão, mas já sendo)! Pensam que não quero? Quero mais que tudo. E eu não sei se eu quero continuar aqui publicando meus textos escrotos que ninguém tem paciência de ler, feito um exibidinho que fica aí mostrando seus “conhecimentos” e sua “habilidade linguística”, sem sentir que eu faço qualquer diferença. Não sei se quero continuar sentindo como se qualquer coisa que eu escrevesse não tivesse absolutamente nenhuma consequência.

Não sei mais se quero trabalhar, eu que nunca trabalhei, inútil como poucos conseguem ser. Não tenho nenhum ânimo pra procurar trampo, “vender meu peixe”, fazer auto-propaganda... e também nenhum desejo de ser como os outros são. Nenhuma vontade, absolutamente nenhuma, de ser um empregado de alguma empresa, obedecendo a ordens, escrevendo o que me mandam escrever, robotizado por um cotidiano de produção capitalista, tudo pra no fim do mês enfiar na carteira um cheque e poder me divertir no shopping e no supermercado. Mesmo que fosse por um bom salário, sei que eu não gostaria. Num tenho absolutamente nenhuma vontade de vestir terno e gravata, passar meus dias emparedado em escritórios e redações, fingindo que acredito que dinheiro serve pra alguma coisa (can’t buy me looooooveee!) e que um emprego dá um sentido para uma vida.

Tenho vontade de ser pobre, boêmio e lunático, parecido com o Henry Miller em Paris, dormindo feito mendigo em praças públicas, sendo enxotado pelos seguranças quinêm vira-lata, gastando as madrugadas sentado nas sarjetas, com nada além de pinga barata e poesia como companhia... Quero uma vida de artista. Escrever o dia todo. Escrever bêbado. Escrever chapado. Escrever engolindo minhas próprias lágrimas, deixando fluir meu próprio sangue, sem pôr band-aid...

Quero experimentar drogas exóticas e perigosas, conquistar ao menos um abscesso pros meus braços tão castos, alucinar de ácido e ir assistir 2001 – Uma Odisséia no Espaço (ou Pokémon – menos chance de bad trip!)... Uma boa morte seria morrer de overdose (antes dos 30, evidentemente!), em um lugar cool e dark como Berlim ou Praga, em algum clubezinho tosco de punk rock, sentado na privada, seringa na carne, com meu cadáver sendo encontrado no dia seguinte à farra pelo faxineiro. Queria uma morte legal dessas. Morrer de velhice é muito demodê.

Queria que as pessoas ditas normais, pelo menos uma vez, chamassem as autoridades para me internar no hospício. Ia ser demais.

Também tenho vontade de colocar tudo o que eu tenho dentro dum quarto, banhar tudo em querosene e conclamar meu Tyler Durden para acordar e acender o fósforo. Queria não ter mais nada a perder. Nenhuma posse nesse mundo, nenhum centavo nesses bolsos, nenhuma casa nessa cidade, nenhuma algema nestes pulsos. A única coisa que eu não quero é continuar assim, sem nenhum amor nesse coração... e sem nenhuma coragem para viver meus sonhos, fazê-los acontecer, ao invés de sempre abaixar a cabeça, e dentro dela meus olhos molhados, pra me lamentar pela minha vidinha patética...

Não sei se tenho mais paciência para ter esperanças, para viver nessa eterna espera por um amor que nunca chega, nunca se concretiza, nunca me salva... Difícil contar o mesmo conto-de-fadas para um coração que, de tanto desengano e desencanto, já não se deixa enganar como fazia. “Um dia você vai achar essa menina, e ela vai te querer de todo o coração, vai te amar incondicionalmente, vai te entender por inteiro; será aquela que te completa, aquela que vai fazer sumir, pra sempre, esse buraco na tua alma...” E o coração rosna, nervoso, contra a velha lorota do “um dia...”, cansado das esperanças vãs e dos adiamentos, e exige: “quero agora! Quero hoje!” Mas hoje não tem, amigo... Hoje não tem...

No fundo, sou uma criaturinha simples e sem complicações, apesar das aparências (mas por que é que todos me olham como se eu fosse complicado?). Sou um animalzinho básico, simplório, que realmente precisa de pouco, apesar do infinito de seus sonhos... Tendo o que comer e beber, tendo oxigênio pra respirar, tendo um mundo pra habitar, enquanto minha vida durar (e fiquem sossegados: eu não tardo a entardecer...), acho que tudo de que eu preciso é um amor. Será que é pedir demais?

Estou pronto. Pronto pra devorar o mundo, esgotar a vida até a última gota, até a última loucura, até a última lágrima, até o último riso, até a última gota de sangue. Só preciso de alguém que me acompanhe no passeio – porque, como todo mundo sabe, sozinho não tem graça. Acho que só falta isso para que eu deixe tudo pra trás - tudo o que lembra morte em vida, tudo o que lembra tédio e resignação, tudo o que pesa nas costas e não satisfaz o coração! - para sair por aí, vagando leve como bolha de sabão, sem ter nada além de mim e meu amor, nada além do mundo pra experimentar, nada além da vida e minha fome de vivê-la...

Nada além de tudo.

terça-feira, 3 de outubro de 2006


Don't put your trust in walls,
cause walls will only crush you when they fall...
* * * *
I've been to hell and back so many times
I must admit: you kind of bore me!
* * * *

Lay with me in your thinnest dress
Fill my heart with each caress
Between your blissfull kisses whisper
Darling, "is this love?"


Desde o meu queridíssimo O, disco de estréia do Damien Rice, que eu não encontrava uma pérola de indie-folk sensível e sentimental que eu curtisse tanto, com tanta facilidade, tão sem esforço... Esse Till The Sun Turns Black, segundo disco do Ray Lamontagne, entrando de cara no meu Top 5 discos do ano, vem pra confirmar o talento transbordante que já estava em todo lado do Trouble (2004), disco que, quietinho quietinho, acabou vendendo 250.000 cópias.

O som do Ray mescla um pouco blues das antigas, de folk classicão, de doçuras indie, com alguns elementos jazzísticos, e depois afunda tudo isso num "ambiente sonoro" caloroso, sossegado, melancólico, algo deliciosamente tristonho e aconchegante. É bonito do começo ao fim, a cada dedilhado do violão, a cada progressão de acordes, desde as músicas simples e nada ambiciosas ("Gone Away From Me" e "Barfly") até as mais sofisticadas e poéticas ("Be Here Now", "Lesson Learned", "Till The Sun Turns Black").

Me lembra bastante Nick Drake (principalmente quando entram as orquestrações), Elliott Smith (pela timidez e pela doçura da cantoria) e Damien Rice (em todos os aspectos). Ray tem sim uma voz poderosa, que chega até lembrar a do Van Morrison, e dá um show de canto em músicas mais agitadinhas e gritadas como "Three More Days", mas na maior parte das vezes prefere cantar baixinho, quase aos sussurros, deixando o final dos versos quase surdos, como quem faz um degradê pra baixo, em direção ao silêncio. "Can I Stay?", por exemplo, uma música de amor suplicante, é uma das coisas mais doces e meigas que eu já ouvi - e tenho andado pelas ruas a cantarolá-la baixinho, dia a dia, sem cansar... (Até gravei uma versão tosca com meu violãozinho...)

Disco bom pra dias nublados e frios, quando tudo o que você quer é ficar em casa, debaixo das cobertas, chocolate quente em mãos, soltando fumaça pela boca e curtindo uma solidão. Disco bom pra quando você tá precisando de abraço e de abrigo e, na falta de uma pessoa pra te dar isso, procura aconchego nas ondas sonoras... Tô ficando piegas.

É que eu não tenho cura: sempre vou achar que as músicas tristes são as melhores. E nem quero mais me livrar dessa minha mania eterna de ser melancólico: porque se ser triste pode ser assim tão gostoso, e se eu tenho uma trilha sonora dessas pra acompanhar todos os meus doces tormentos, eu já me decidi: não, eu não quero ser feliz... :)


STYLUS - MY SPACE - RAY LAMONTAGNE.COM - AMG.

domingo, 1 de outubro de 2006

Só fui descobrir hoje, na maior surpresa, que isso aí já existia: é o novo do Michel Gondry, o sucessor do Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, estrelado pelo Gael Garcia Bernal, ainda por cima. É um dos filmes que eu tô mais estupidamente ansioso pra ver nesse ano. Promete.