terça-feira, 6 de dezembro de 2005

-- MEUS 10 DISCOS DE 2005 --

# 9


BRENDAN BENSON
The Alternative To Love

Tudo o que eu esperava do disco novo do Teenage Fanclub, e que eles falharam em entregar com o fraquinho e brochante Man Made, o Brendan Benson concretizou neste seu Alternative To Love. Este guri de Detroit, que é chamado por muitos de “o Matthew Sweet desta década” (mas que chega até a merecer o título de “o Paul McCartney do indie 00”), cometeu um disco difícil de não gostar - e de não viciar. Três anos após arrancar elogios de grande parte da crítica com o disco anterior (Lapalco, de 2002), Brendan Benson chegou às beiras da perfeição na arte de compôr pérolas de power-pop sensível e bunitinho que parecem saídas de um coração eternamente romântico – se bem que, por vezes, melancólico e amargo. Poucos discos dos últimos anos conseguiram chegar perto de ser uma obra-prima que se equipare ao Grand Prix do Teenage, o maior clássico noventista do que eu gosto de chamar de “candy-rock” – o rock com gosto de marshmallow. Sim, Brendan Benson ama melodias adocicadas, cantorias “certinhas” e um tanto tímidas, refrões colantes – o que o coloca ali no mesmo grupo do Big Star, dos Kinks, dos Beatles... O disco começa acelerado e barulhento, com uma sequência matadora de quatro canções perfeitas - “Cold Hands, Warm Heart” e “Alternative To Love” , em particular, são divinas... Depois a coisa se tranquiliza e Brendan arrisca umas baladonas climáticas muito boas, só pra depois retornar ao power-pop mais vigoroso, cometendo pelo menos mais uma música impecável: “Last Man Standing”. Obra de perfeccionismo, “Alternative To Love” é inteirinho o resultado do esforço de um homem só; fora alguma ajuda na percussão e alguns backing vocals femininos, Brendan Benson tocou todos os intrumentos, escreveu todas as letras e ainda por cima produziu o álbum. Devin Davis, que fez um disco no mesmo esquema, é prova que 2005 foi mesmo o ano para bandas-de-um-homem-só marcarem a história do power-pop com discos memoráveis. E o futuro promete: Jack White, o líder dos White Stripes, é amigo íntimo de Brendan Benson (os dois moram a poucas quadras de distância em Detroit) e gravaram juntos um disco, a ser lançado em 2006, e que é desde já uma das grandes promessas para o ano que se aproxima. Sem nenhuma humildade hipócrita, Benson declarou ao New Music Express todo seu orgulho pelo material gravado: "É um disco assustadoramente brilhante. É muito, muito bom. Algumas pessoas que já o ouviram estão babando por ele. Estão todos falando que se compara ao Nevermind. Sinceramente, eu acho melhor." (!!!!) A julgar pela qualidade estonteante de Get Behind Me, Satan e Alternative To Love, não dá nem pra duvidar...