just some news:
dei um pulo dois-palito em Bauru pra minha colação de grau e compareci à solene cerimônia no maior dos escrachos: de All-Star preto encardido, calça preta já merecendo ir pro cesto de roupa suja e uma camiseta azul manchada do ketchup do Tio Guerreiro. Tava me achando mó punk e valente por estar tão desencanado numa ocasião em que o povo costuma se fantasiar com aqueles trecos lindos que são as becas. Recomendo muitíssimo a todos unespianos: formem-se em Julho e evitem ter que fritar no Guilhermão por 4 horas naquela mais-que-insuportável cerimônia da FAAC nos fins-de-ano... Em meia-hora tudo se acabou e peguei meu certificado comprobatório das minhas aptidões para exercer o jornalismo. Achei difícil conter o riso na hora do hino nacional e achei difícil não me sentir ridículo lendo aquele pomposo Juramento... Acho tão ridícula a seriedade exagerada das pessoas nessas ocasiões... Eu sinto muito mais vontade de sair dando cabriolas e estrelas por aí do que fingir que estou num "rito de passagem" gravíssimo. 'Cabou-se de vez a facul, pois! O Zarcillo, o Nicola e outros dos meus desafetos bem que tentaram, mas não! Eu não jubilei, não desisti do curso e não fui parar na cadeia pelo homicídio de nenhum professor - todas três coisas que eu cheguei beeem perto de fazer durante essa minha jornada pela UNESP. Pra aumentar a sensação gostosa de alívio, o discurso final da Colação foi proferido pelo 'fessor DOUTOR Antonio Carlos de Jesus (quem me conhece sabe o quanto eu abomino a criatura), em que ele deu alimento para o meu já imenso desprezo com altas pérolas de péssima concordância gramatical: "A faculdade, ELE é um período valioso na preparação para os desafios da vida... e blá blá blá!" Cara, que saudade de ouvir esses horrores toda semana na aula e ficar pensando em repetir Columbine em Bauru! ;)
depois teve festinha open-bar de D.I. à noite, para comemorar de vez o fim dos meus dias na Unesp, e valeu a pena mais pelo reencontro com velhos amigos e compatriotas e pelos papos com uma ou outra pessoa nova que acabei conhecendo. Mas, no geral, lembro de ter me sentido velho e chato no meio daquela gente toda que eu não conhecia e não achava assim tão legal quanto eles pensam que são. A verdade é que nunca fui lá muito festeiro durante a facul inteira e enjoei bem rápido dessas festinhas de rep, todas muito iguais umas às outras, todas com bandas quase sempre muito medíocres, todas cheias de atitudes que me fazem ter um pouco de vergonha da minha geração. Eu até ia nessas festas de vez em quando, só pra não ficar com reputação de eremita, mas costumava voltar cedo pra casa (tradução de cedo: umas duas e meia da madrugada), às vezes por que estava deprimido no meio do povo (nada como uma multidão pra te fazer sentir na pele uma boa solidão...), às vezes para vomitar um porre em paz no meu banheiro ou na árvore de alguma rua deserta. A verdade é que eu sempre tive dificuldades pra me entusiamar com o que o resto se entusiasma (Kurt: "i wish i was like you, easily amused..."). Achava muito mais legal ficar em casa lendo Nieztsche, assistindo Cassavetes ou ouvindo minhas bandinhas alternativas do que "ficar doidão e sair por aí, cantando pneu e gritando pras putas na rua, pra catar umas mina". E hoje fico de cara vendo "a galerinha do ensino superior" se divertindo horrores a cantarolar Backstreey Boys e fazer uma zonazinha básica que parece coisa de adolescente... Confesso que acho todo aquele espetáculo um pouco estúpido e que olho ao meu redor e vejo uma puta mentalidade de colegial nesses universitários aí. Sou chato mesmo. Ainda bem que eu nunca fui nem vou no InterUnesp, porque se fosse só aumentaria meu desdém por esse tipo de juventude descerebrada e babaca que se vê na obrigação de fingir que é alegre o tempo todo, que acha que tem que ficar ostentando a todo momento o quanto sabe "curtir a vida" e que, no fundo, não faz nada além de viver de acordo com os slogans da Coca-Cola. "Amo muito tudo isso"? Eu NÃO amo tudo isso NEM FODENDO. Tá?!
O bom é que me mandei sem muito medo de que vou ter saudades de Bauru. A república já conheceu dias melhores e agora está "quase a casa do Trainspotting"; o câmpus da Unesp, agora que eu acostumei com a USP, parece uma babaquicezinha minúscula e sem graça; e, fora o pessoal da república, o Cadoni e um ou outro colega de classe que ficou na cidade, não há mais ninguém por lá que saiba que eu exista ou se importe se eu estou vivo ou morto. A sensação é de ter me despedido para sempre da cidade onde morei por 4 anos maravilhosos e horríveis.
E a novidade maior dos últimos tempos é que arranjei um trampinho aí... não achei nada mau começar a trabalhar na mesma semana em que colei grau, apesar de saber que eu vou ganhar pouquinho e que isso é só um primeiro passo em direção a coisas melhores. Pelo menos vou estar mexendo com coisas que curto: internet e webdesign, cultura pop e entretenimento, nostalgias e sessões "saído-do-fundo-do-baú"... Tenho andado bastante cansado e sonolento nesses últimos tempos, até porque o meu organismo tava acostumado a acordar depois da meio-dia e agora estou madrugando... Sei lá se vou gostar dessa experiência de assalariado ou se vou sentir saudades de ser um completo vagal, membro da VASP, com os dias inteiros disponíveis para fazer o que bem entendesse. Não sei se gosto do mundo adulto. Não sei se quero ser parte do straight world. Mas vamos lá, ver no que dar...
O curso de filosofia tá um baita dum porre daqueles. Chato pra mais de metro. Minha sorte é que só tenho 3 matérias e que eu posso ficar lendo Victor Hugo e escrevendo meu Diário durante as aulas, assim não preciso ficar me sentindo um completo jumento por não entender uma palavra do que o Tremendão fala sobre a Fenomenologia do Husserl.
Tô cada vez mais preocupado com esse músculo grande, estúpido e teimoso que eu tenho dentro da minha caixa toráxica, do lado esquerdo. Tô preocupado do jeito que o Jeff Tweedy estava preocupado naquela música que eu tanto adoro e que começa assim: "Why i wonder is my heart full of holes?"
E é isso aí.
Essa é minha vidinha, que vai pingando pra fora do balde, gota a gota, dia a dia, até esvaziar.
depois teve festinha open-bar de D.I. à noite, para comemorar de vez o fim dos meus dias na Unesp, e valeu a pena mais pelo reencontro com velhos amigos e compatriotas e pelos papos com uma ou outra pessoa nova que acabei conhecendo. Mas, no geral, lembro de ter me sentido velho e chato no meio daquela gente toda que eu não conhecia e não achava assim tão legal quanto eles pensam que são. A verdade é que nunca fui lá muito festeiro durante a facul inteira e enjoei bem rápido dessas festinhas de rep, todas muito iguais umas às outras, todas com bandas quase sempre muito medíocres, todas cheias de atitudes que me fazem ter um pouco de vergonha da minha geração. Eu até ia nessas festas de vez em quando, só pra não ficar com reputação de eremita, mas costumava voltar cedo pra casa (tradução de cedo: umas duas e meia da madrugada), às vezes por que estava deprimido no meio do povo (nada como uma multidão pra te fazer sentir na pele uma boa solidão...), às vezes para vomitar um porre em paz no meu banheiro ou na árvore de alguma rua deserta. A verdade é que eu sempre tive dificuldades pra me entusiamar com o que o resto se entusiasma (Kurt: "i wish i was like you, easily amused..."). Achava muito mais legal ficar em casa lendo Nieztsche, assistindo Cassavetes ou ouvindo minhas bandinhas alternativas do que "ficar doidão e sair por aí, cantando pneu e gritando pras putas na rua, pra catar umas mina". E hoje fico de cara vendo "a galerinha do ensino superior" se divertindo horrores a cantarolar Backstreey Boys e fazer uma zonazinha básica que parece coisa de adolescente... Confesso que acho todo aquele espetáculo um pouco estúpido e que olho ao meu redor e vejo uma puta mentalidade de colegial nesses universitários aí. Sou chato mesmo. Ainda bem que eu nunca fui nem vou no InterUnesp, porque se fosse só aumentaria meu desdém por esse tipo de juventude descerebrada e babaca que se vê na obrigação de fingir que é alegre o tempo todo, que acha que tem que ficar ostentando a todo momento o quanto sabe "curtir a vida" e que, no fundo, não faz nada além de viver de acordo com os slogans da Coca-Cola. "Amo muito tudo isso"? Eu NÃO amo tudo isso NEM FODENDO. Tá?!
O bom é que me mandei sem muito medo de que vou ter saudades de Bauru. A república já conheceu dias melhores e agora está "quase a casa do Trainspotting"; o câmpus da Unesp, agora que eu acostumei com a USP, parece uma babaquicezinha minúscula e sem graça; e, fora o pessoal da república, o Cadoni e um ou outro colega de classe que ficou na cidade, não há mais ninguém por lá que saiba que eu exista ou se importe se eu estou vivo ou morto. A sensação é de ter me despedido para sempre da cidade onde morei por 4 anos maravilhosos e horríveis.
E a novidade maior dos últimos tempos é que arranjei um trampinho aí... não achei nada mau começar a trabalhar na mesma semana em que colei grau, apesar de saber que eu vou ganhar pouquinho e que isso é só um primeiro passo em direção a coisas melhores. Pelo menos vou estar mexendo com coisas que curto: internet e webdesign, cultura pop e entretenimento, nostalgias e sessões "saído-do-fundo-do-baú"... Tenho andado bastante cansado e sonolento nesses últimos tempos, até porque o meu organismo tava acostumado a acordar depois da meio-dia e agora estou madrugando... Sei lá se vou gostar dessa experiência de assalariado ou se vou sentir saudades de ser um completo vagal, membro da VASP, com os dias inteiros disponíveis para fazer o que bem entendesse. Não sei se gosto do mundo adulto. Não sei se quero ser parte do straight world. Mas vamos lá, ver no que dar...
O curso de filosofia tá um baita dum porre daqueles. Chato pra mais de metro. Minha sorte é que só tenho 3 matérias e que eu posso ficar lendo Victor Hugo e escrevendo meu Diário durante as aulas, assim não preciso ficar me sentindo um completo jumento por não entender uma palavra do que o Tremendão fala sobre a Fenomenologia do Husserl.
Tô cada vez mais preocupado com esse músculo grande, estúpido e teimoso que eu tenho dentro da minha caixa toráxica, do lado esquerdo. Tô preocupado do jeito que o Jeff Tweedy estava preocupado naquela música que eu tanto adoro e que começa assim: "Why i wonder is my heart full of holes?"
E é isso aí.
Essa é minha vidinha, que vai pingando pra fora do balde, gota a gota, dia a dia, até esvaziar.
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