domingo, 25 de novembro de 2007

(Ah, como adoro a sensata insensatez da poesia... )


CANÇÃO SENSATA
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Dora, que importa
O juiz que escreve
Exemplos na areia,
Se livres seguimos
O rastro dos faunos
A voz das sereias?

Dora, que importa
A herança do avô
Sob a pedra, nua
Se do ar colhemos
Moedas de sol,
guirlandas de lua?

Dora, que importa
Esse frágil muro
Que defende os cautos,
Se além do pequeno
Há horizontes loucos,
De que somos arautos?

De maior beleza
É, pois, nada prever
E à fina incerteza
De amor ou viagem
Abrir nossa porta
Dora, isso importa.

(j.p. paes)