Alguém de comprovado bom gosto literário me falou: "O Olavo Bilac escreveu uma das coisas mais bonitas da língua portuguesa, A Via Láctea..." Enfrentei meus preconceitos e encarei a leitura. É verdade mesmo.
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
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