quinta-feira, 17 de novembro de 2005



# and the wheel keeps on turning....

Minha Lei de Murphy predileta, dentre tantas que eu admiro (são expressões da mais pura sabedoria de vida!), ainda continua a ser aquela: "Se você está se sentindo bem, não se preocupe: isso passa." É uma frase tão irretocável, tão perfeita, tão infalível, que eu poderia tatuá-la no meu peito sem medo de que algum dia ela viesse a se tornar mentirosa. Tudo muda a não ser a mudança... O velho George Harrison já cantava: "All things must pass" ("Isn't it a pity? Isn't it a shame?"...). E o velho Huxley já comentava: "Vai passar", a única expressão que vale para toda e qualquer situação humana, boa ou má. E ainda o grande Montaigne: Todo contentamento dos mortais é mortal. Mas não sou tão pessimista quanto pode parecer. Sei que a roda, se gira, não é sempre para nos fazer mergulhar no abismo: às vezes nos leva pra cima. Sim, é claro que teremos que cair de novo, mas por que não? Que prazer na ascensão sem a memória da queda?

"Tudo flui", uma das mais lapidares das constatações filosóficas em todos os tempos, não é necessariamente nem uma boa nem uma má coisa. Que nada seja permanente é ao mesmo tempo terrível e maravilhoso. "E a vida, nossa única benção e nossa única maldição...". Tudo flui, e é terrível: pois o fogo da paixão nunca se sustenta, pois a chama da vida nunca queima por muito tempo, pois nunca se pode enjaular o pássaro fujão da alegria... ele sempre escapole! Tudo flui, e é maravilhoso, também: pois nenhum tormento é capaz de durar eternamente, pois todo o sofrimento tem um fim, pois, estando todos nós prometidos ao nada, não há nenhum Inferno Permanente, somente os infernos provisórios que todos conhecemos e que são menos infernais pelo fato de que acabarão. Sim, Montaigne estava certo ao dizer o que dizia, e é uma das frases que eu mais adoro dentre todas que conheço, mas gosto de dizer o contrário também: "Todo descontentamento dos mortais é mortal...". Tudo muda, tudo passa, tudo escoa! Que terror! Mas que alívio!