terça-feira, 29 de novembro de 2005

essa é a cara da prova de física da fuvest:




Foi um semi-desastre minha tentativa de enfrentar o monstro mítico chamado FUVEST depois de quatro anos sem estudar nada de física, biologia, química e matemática. Os dois meses que eu "dediquei" pra tentar dar uma refrescada na memória num serviram pra muito - até porque eu muitas vezes lançava os livros contra a parede e ia fazer algo de mais legal. Aconteceu o que eu suspeitava: fui massacrado em quase todas as provas de Exatas. Chutei a torto e a direito, endoidecidamente, bem no estilão aleatório, entrega-a-deus-e-vê-no-que-dá. Acho que umas 22 ou 23 questões de exatas foram todas no chute - a maioria tudo pra fora. Essas provas de Química e Física da Fuvest sempre me deixam com a sensação de que eu sou um completo idiota. Na maioria das questões, num sei nem por onde começar. Tava com todas as formuletas decoradas, mas é claro que isso num adianta nada. É ilusão pensar que os putos vão te dar o V, o Vo, o tempo e pedir a Aceleração. Ou imaginar que vão te dar um gerador, uma ddp, uma força eletromotriz, uma resistência e pedir uma corrente. Ou achar que saber a diferença entre uma ligação iônica (que é caridade) e uma covalente (que é comunismo) vai servir pra algo. Essas coisas basiconas que eu sabia foram completamente inúteis. Fui achando que fazer metade das questões de cada uma delas já tava de bom tamanho. Nem isso eu consegui. Só 4 de física, 4 de Química e 4 de Biologia. Matemática consegui ir melhor (6 das 12), mas com uma perda de tempo absurda - o fim da prova chegou antes que eu conseguisse sequer LER umas cinco ou seis questões de Química. E, além do mais, num sei como é que esses caras pensam que é possível ficar fazendo uma prova desse tipo durante 5 horas - num tem jeito. Num tem cabeça que aguente. Entrando na quarta hora de prova, minha mente já tava num cansaço tão ferrado, e meu raciocínio tava tão lesado, que eu ficava uns quinze segundos tentando descobrir quanto é 7 vezes 8. "Será que é 63? Ou será que é 72?"... ;-)

No saldo total, fiz um magrinho 53 pontos (de 100 possíveis), o que seria insuficiente pra praticamente todos os cursos - e eu nem tenho ENEM pra dar um empurrãozinho. Mas pra Filosofia a pedreira é menor. Ano passado a nota de corte foi 52, o que ainda me permite um fiapo de esperança. Se bem que vivemos num mundo regido por Murphy...

Algumas dos Constatações Sagradas da Tábua das Verdades Universais de Murphy, página 19.032.023 do Guia dos Mochileiros da Galáxia, verbete Vestibular:

- Se sua performance na Fuvest foi de X pontos, a nota de corte será sempre de X + 1.

- Se você chegar à segunda fase, vai ter um ataque de diarréia no dia da prova e não poderá comparecer. Ou então vai passar duas horas da prova sentado na privada.

- Quando você passa em primeiro lugar na Fuvest, você morre atropelado no dia em que vai se matricular. E o desgraçado que te matou foge. E na semana seguinte ganha na Sena. E vive até os 110 anos. Em Paris.

- Se você consegue entrar na USP e fazer o curso inteiro, morre atropelado no dia da formatura.

- Se você consegue entrar na USP, fazer o curso, se formar, arranjar emprego, ficar rico, constituir família, ter filhos, comprar casa no litoral e atingir a felicidade - enfim, fazer todas essas coisas que a maioria das pessoas deseja fazer com suas vidas -, um dia acontece isso: seu corpo dá tilt, pára de funcionar, começa a apodrecer e, finalmente, você é enfiado numa caixa de madeira e posto debaixo da terra, e dentro de poucos anos é completamente esquecido por todas as criaturas do planeta.

Sei, sei, já me disseram: sou um cara "muito pessimista"... Mas é minha culpa? Fui eu que criei a vida desse jeito?

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Tem coisas novas no armazém do DLMSONGS, um dos maiores QGs de Comunismo Musical do Brasil (www.gmail.com - dlmsongs - queromp3). Duas coletâneas, inencontráveis em qualquer loja de discos dessa galáxia, tão disponíveis: A REVOLTA DAS CALCINHAS, uma coleta que eu fiz com algumas das melhores músicas de r&r e punk com vocais femininos (Bikini Kill, Le Tigre, Sleater-Kinney, Elastica, Bellrays, Detroit Cobras, entre outros), e o 31 SONGS, que contêm todas as músicas que o Nick Hornby, autor de "Alta Fidelidade", considera como suas prediletas - o livro 31 Canções, aliás, já foi lançado no Brasil, mas vem sem CD. Ainda tem o "Yoko" do Beulah, um dos meus discos prediletos dos últimos anos, já resenhado um tempo atrás por aqui, e já tá chegando o disco de estréia do Distillers, outra banda do coração, responsável por algum do melhor punk rock gravado nessa década - e em qualquer outra. O Gúgou não contava com essa: acho q eles nunca imaginariam que alguém iria utilizar nem 10% do espaço do Gmail. Eu já tô chegando no primeiro giga. E o segundo tá a caminho.

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Num tem jeito: o cara num erra a mão. Pago um pau descarado: pra mim Lars Von Trier é Gênio. Comecei a escrever algo sobre o "Manderlay", um puta dum filme (apesar do impacto ter sido, pra mim, um pouco menor em comparação com "Dogville" ou "Dançando no Escuro") - mas tô meio perdido no meio de tanta coisa que eu quero dizer. Porque pra falar sobre "Manderlay" é preciso falar também sobre "Dogville", filme que eu devia ter resenhado antes mas não fiz - por preguiça, por insegurança, por desânimo frente ao tamanho imenso da tarefa. Pra falar sobre o estilão minimalista, despojado, teatro-filmado dos dois, também é bom falar sobre o Dogma 95, sua estética e intenções, o que são outros quinhentos. E pra tratar da Grace, personagem ultra-complexa e uma dos mais instigantes da história do cinema, é interessante compará-la com as outras mulheres protagonistas dos filmes anteriores do Von Trier, o que me leva a ter que tecer considerações alongadas sobre "Ondas do Destino" e "Dançando no Escuro". Então o que era pra ser uma resenha sobre "Manderlay" tá virando quase que um livro sobre a obra de Von Trier e minhas filosofagens em cima dela. Então 'tejam preparados que em algumas semanas vou começar a lotar esse blog com dezenas de kbytes dedicados a esse grande gênio da sétima arte, Lars Von Trier, o Terrível.

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últimos filmes:

REBECCA (do Hitchcock, 1940) - 8.5
FEBRE DO LOCO (de Andrès Woods, Chile, 2001) - 3.0
O QUE FAZER EM CASO DE INCÊNDIO? (Alemanha, 2002) - 4.0
O CLOSET (Le Placard, de Francis Veber, França, 2001) - 7.8
A FESTA DE BABETTE (de Gabriel Axel, 1987) - 4.6
AMOR À FLOR DA PELE (de Wong Kar Wai, 2000) - 8.6
BALZAC E A COSTUREIRINHA CHINESA (de Dai Sijie, China, 2004) - 4.5
NICOTINA (de Hugo Rodriguez, México, 2005) - 5.0
O HOMEM ELEFANTE (de David Lynch, 1980) - 8.0
O PÂNTANO (de Lucrecia Martel, Argentina, 2000) - 5.9
A MARCA DA MALDADE (Touch of Evil, de Orson Welles, 1958) - 7.9
O ESPELHO (Zerkalo, de Andrei Tarkovski, 1974) - ?realmente não sei.?
21 GRAMAS [2a] (de Alejandro González Iñarritu) - 9.1
O GUIA DOS MOCHILEIROS DA GALÁXIA (de Garth Jennings, 2005) - 7.2
TUDO ACONTECE EM ELIZABETHTOWN (de Cameron Crowe, 2005) - 4.5
RAINHA MARGOT (de Patrice Chéreau, França, 1994) - 8.4
MARCAS DA VIOLÊNCIA (do D Cronenberg, 2005) - 9.0
OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA [4a?] (do Spielberg, 1981) - 7.5
PATTON (de Franklin J. Schaffner, EUA, 1971) - 7.8
O INDOMADO (Hud, de Martin Ritt, EUA, 1963) - 8.6
CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS (de Marcelo Gomes, Brasil, 2005) - 4.1
A ILHA (The Island, de Michael Bay, EUA, 2005) - 6.0
GOSTO DE SANGUE (Blood Simple, dos Irmãos Cohen, EUA, 1984) - 6.5
A VIDA MARINHA COM STEVE ZISSOU (de Wes Anderson, 2005) - 3.5
MANDERLAY (de Lars Von Trier, 2005) - 8.8

( ) no 1 - juro que eu não entendo o que as pessoas enxergam nesse Wes Anderson. Acho os filmes dele tão meia-boca, tão artificiais, tão cheios de piadinhas fracassadas, tão sem sentimento... O Tennenbauns e o Steve Zissou em nem aguentei até o final, de tão chato que tavam.

( ) no 2 - o Guia dos Mochiileiros ficou com cara de Monthy Phyton.

( ) no 3 - o 21 Gramas é um dos melhores e mais devastadores FILMES DE DOR do mundo: pra ver e sofrer junto, berrando de agonia, com as lágrimas caindo em cachoeiras. E que elenco foda, meu. Naomi Watts, Sean Penn e Benicio Del Toro juntos, todos inspirados, sob o comando de um dos melhores diretores surgidos nos últimos anos. Esse Iñarritu é bão mesmo...

( ) no 4 - Agora o México também tem o cara que xeroca Tarantino: esse Hugo Rodriguez, do "Nicotina". Como se não bastasse o Guy Ritchie...

( ) no 5 - A Ilha é meu GUILTY PLEASURE do ano. Nem achei tão ruim quanto andam dizendo.