segunda-feira, 26 de junho de 2006

Olha só o que já caiu na rede
(apesar do lançamento estar marcado só pra Agosto):

O terceiro disco da inglesinha herdeira da PJ Harvey e da Patti Smith era um dos álbuns q eu tava esperando mais ansiosamente neste ano, até pra ver se finalmente o mundo vai finalmente fazer justiça à Carina Round, menina de um talento tão grande que não dá pra entender porquê ela ainda vive no quase completo anonimato até hoje. "Slow Motion Addict", o sucessor do excelente "The Disconnection" (um dos grandes discos de uma cantora/compositora nesta década), chegou bem diferente do que eu esperava: mais barulhento, visceral e nervoso do que seria de se esperar duma mina que parecia estar cada vez se movendo mais pro terreno da melancolia mórbida e das poesias declamadas. Surpresa: o novo som da Carina Round, por vezes, soa quase riot-girl, como na excelente e irônica-até-não-poder-mais "Take The Money" (que tem tudo pra ser o primeiro hit da carreira da Carina). O novo disco não se centra mais naquelas baladonas ultra-melancólicas do "The Disconnection", que soavam como um Portishead sem eletrônica ou um Jeff Buckley com vocais femininos: a Carina Round parece ter abraçado de vez o rock and roll de garagem; perdeu o medo da barulheira e da gritaria e agora faz músicas bem ao estilo da fodíssima "Into My Blood", do disco anterior. "Slow Motion Addict", mais radio friendly que os dois discos anteriores, pode acabar sendo o primeiro dos sucessos comerciais da carreira da moça - e ela merece. Poetisa de primeira linha, artista original e corajosa, cheia de energia e intensidade emocional, Carina Round é tudo o que uma garota rock and roll deveria ser. E vai ser sexy assim no inferno...

* * * * *

We live in the age of the short attention span - where vacuousness is a virtue, where time to stop and think isn't really found and where everything goes in one ear and out the other. But if you are still reading this, it suggests you may still be looking for someone or something more substantial and rewarding than the hoards of tight-troused retro-rockers or gay-for-pay gimmick peddlers of present day pop. Carina Round may not have the kind of slacks that court infertility and she probably won't share a snog with another girl if it gets her video played on MTV (although we can hope) but when regarding the essence of her music, there are few more arresting and striking sounds available to the human ear. I wanna make people feel something, explains Carina on her personal motivation. The music that I listen to most is the kind that reflects something that I feel. After all, isn't that why we all listen to music? To be excited and to be thrown into upheavel?

...the display of naked emotion through a rough and raw sound drew rave reviews from the more clued-up areas of the music press who saw shades of P J Harvey, Kristin Hersh and Patti Smith in the albums autobiographical energy. I've always been influenced by sentiment rather than style, continues Carina. So I think I have taken more from Charles Bukowski, Dorothy Parker, Tom Waits and Bjork. The way they articulate ideas and emotions is more important then their respective styles. (de uma matéria de Johnny Loftus.)

* * * * *


I'm thinking of a man I once knew, I thought I had the hang of
He never learnt that the heart is perishable without love...
But keep your heart out of it now, concentrate your vision!
I'm lying here like a forfeit awaiting your incision...
I don't wanna hear about it, your new infatuation!
I just wanna leave here wearing a smile...

I can think of a good few reasons to get fucked up but
You're just looking for an excuse to call yourself a fuck up
Look at her without the burden of what it is that you live for
She'll still be here when your carnival is over
She'll still be here when you are gone

* * * * *

Elegy

Something ripped me open
From my little death woken
Fading rhythm of lifeline
Is music for a dead child

I'm skirting the rim, skirting the rim of reality...
Skirting the rim - Love don't pull me in

Somehow everything is broken
Hours past and never replayed
I see the sickness of a love that
Though it breathes, can never be made

There are cracks where the white light burns through
It seems I see everything but the truth
Once more to that sacred place
The dream that sucks me under

* * * * *

I know broken bones don't come close to the pain of hidden truth...


* * * * *

Agora a Melhor Foto de Capa de Todos os Tempos:
(ALERTA: antes de olhar, coloca o babador!)

domingo, 25 de junho de 2006




AMERICAN NIGHTMARE
(uma introdução à literatura do Poeta dos Losers
e mestre do Romance Noir, David Goodis)



A Editora L&PM acaba de colocar no mercado nacional 4 livros do romancista americano David Goodis (1917-1967), um dos maiores expoentes da chamada Literatura Noir no século 20. Apesar de ser colocado no mesmo balaio que caras como Raymond Chandler e Dashiell Hammett, a obra de David Goodis também detêm certas semelhanças com a dum Jack Kerouac, dum Henry Miller ou dum Charles Bukowski - principalmente com este último. À maneira do velho Buk, as páginas de Goodis estão repletas de histórias envolvendo mulheres, bebedeiras e tragédias da vida cotidiana, se bem que de um modo mais sombrio e um humor mais negro. Com a publicação de A Lua Na Sarjeta, A Garota de Cassidy, Sexta-Feira Negra e Atire No Pianista! (que virou clássico da nouvelle vague francesa nas mãos de François Truffaut em 1960), o público brasileiro tem agora a oportunidade de mergulhar nos escritos de Goodis e descobrir um autor de grande talento, dotado de um lirismo cru, de uma concisão sem firulas e capaz de descrições tão vívidas que chegam a ser “cinematográficas” – dá pra “assistir” a um romance do cara (que trampou como roteirista em Hollywood nos anos 50) como se fosse um filme - e dos bons.

David Goodis é mestre em descrever ambientes suburbanos tenebrosos onde perambulam sem rumo alguns personagens outsiders, alcoólatras, noctívagos e sempre às beiras de cometerem atos de violência - contra os outros e contra eles mesmos. Alguns aproveitaram para apelidá-lo como O Poeta dos Losers - definição nada má. No mundo em que habitam os personagens de Goodis, as ruas são todas imundas e com o calçamento ferrado; as casas sempre miseráveis e arruinadas; lá fora quase sempre impera uma melancólica noite enluarada; e os personagens, na maior parte do tempo, passam o tempo no bar enchendo a cara de uísque barato, arrumando brigas por qualquer ninharia e conversando, rabugentos, sobre como a vida é uma desgraça. Ou seja: algo como o equivalente literário das canções do Tom Waits ou do filme Farrapo Humano, de Billy Wilder.

Quando eu tento a imaginar a cara e o jeitão dos (anti)heróis goodianos, sempre fico achando que eles todos têm o rosto de Humphrey Bogart e tanto ódio de suas cidades quanto Travis Brickle, o inesquecível taxista interpretado por De Niro no clássico noir Taxi Driver do Scorcese. Os protagonistas goodianos costumam ser durões, sempre se metendo em tretas e se abandonando à pancadaria com esposas e namoradas, mas no fundo tem uma alma cheia de ternura e quase sempre atormentada pela angústia e pela culpa. Parecem violentos e cruéis, mas a verdade é que estão simplesmente perdidos e tentando achar seus caminhos - e sempre em vão. Passam pelo mundo de cabeça baixa, como se estivessem "viajando pela vida com um bilhete de quarta classe"... CONTINUA... QUERO LER O RESTO!

quinta-feira, 15 de junho de 2006

COMENTÁRIOS JOGADOS SOBRE...


Num resisti e aderi ao hype. ‘Cabei de ver a primeira temporada do Lost, um dos mais comentados seriados de TV dos últimos anos, e confesso que tô ficando viciado nesse troço. J.J. Abrams e sua turma são mesmo mestres em ficar criando suspenses que não se resolvem, manipulando nossos sentimentos (ui!) e nos fazendo sempre ir atrás do novo episódio como ovelhinhas amestradas... Até agora, finda a 1ª temporada, pouca coisa se elucidou e os mistérios só se empilharam. Eu, que nunca fui de ver novelinha (que é coisa de mariquinha :-)), e que faz tempo q num curtia um seriado americano (que é coisa da invasão imperialista :-)), tô até surpreso com esse meu grau de expectativa - ridiculamente alto. Tinha até esquecido desse gostinho quase infantil de “quero saber o que vai acontecer...”.

Lembro de ter achado curioso, antes de começar a ver Lost, que se pudesse fazer durar por tanto tempo e tantos episódios uma série sobre náufragos numa ilha deserta – e eu tinha medo que Lost seria algo cheio de encheções de lingüiça, narrações vagarosas e suspenses toscos. Que nada. Praticamente não existem momentos de tédio nessa série que realmente merece o adjetivo eletrizante. Os constantes flashbacks vão sempre direto aos fatos mais fundamentais da vida pregressa dos personagens, sem enrolação; os novos acontecimentos e descobertas sempre vão se empilhando a cada novo episódio; e o foco central vai mudando constantemente, de modo que a gente não canse tanto dos atores quanto em outros seriados que se focam muito em poucas caras (eu lembro que chegou uma hora, quando eu ainda era fã de Arquivo X, que eu não aguentava mais olhar pra cara de sonsos da Scully e do Mulder, por exemplo).

Desde o início pareceu claro que Lost não iria ser somente uma série sobre sobreviventes de um desastre aéreo perdidos numa ilha deserta que iriam lutar pela sobrevivência numa aventura em estritos tons realistas, mas que a ilha em si se tornaria o personagem principal do lance todo e uma fonte permanente de mistérios e esquisitices. As bizarrices que abundam desde o começo – ursos polares, almas penadas, barcos naufragados no meio da selva, árvores que explodem sozinhas, curas mágicas... – nos deixam de sobreaviso que há algo de estranho e sobrenatural naquela ilha.

À medida que vamos prosseguindo, a ilha vai parecendo mais e mais uma criatura viva: é como se os sobreviventes do desastre tivessem pousado no corpo de um dinossauro pré-histórico que começa a rugir e roncar o estômago. E, claro, a gente logo vê ela não era tão deserta quanto parecia à medida que começam a surgir sinais de presença humana anterior: o aviãozinho dos traficantes nigerianos, a escotilha que envia para o misterioso mundo subterrâneo, a náufraga francesa que ali viveu por 16 anos...

Vai ficando cada vez mais claro, também, que o Lost não tá muito interessado em manter o clima de verossimilhança e vai se abandonando mais e mais a um misticismo quase deslavado: vários indícios nos vão sendo dados de que a ilha é capaz de cometer atos milagrosos e conscientes. No fundo, parece que vai se rascunhando uma história que vai nos dizer que todos estão ali por uma razão maior, trazidos magneticamente para aquele lugar pela força do Destino, por algum motivo ainda obscuro e que provavelmente vai ser escondido do público até os últimos capítulos. Estão sendo punidos por seus crimes do passado? Está sendo dada a cada um deles uma nova chance, uma nova vida? Alguma revelação existencial bombástica lhes será feita? A ilha é tipo um Playground de Deus onde os náufragos estão sendo usados como marionetes duma brincadeira divina?

Tudo isso me deixa com uma certa impressão de que há um certo shyamalismo por trás de tudo: Lost poderia muito bem ter sido uma criação do M. Night Shyamalan, o diretor de O Sexto Sentido, Corpo Fechado e A Vila, cara que é mestre nessa mistura muito bem dosada de um suspense hitchcokesco, um envolvente clima de misticismo e um certo dramalhão bem construído em cima das relações humanas. Também há gente que comenta que Lost deve muito ao trabalho do Michael Crichton, aquele romancista americano best-seller criador dos livros Jurassic Park, nos quais também vigora esse lance de pobres humanos tentando sobreviver numa espaço natural restrito e cheio de perigos desconhecidos.

O acidente de avião também é um bom pretexto para colocar em interação personagens de diversas procedências, nacionalidades e etnias, o que faz de Lost um lance meio Painel Multi-cultural, tudo-a-ver com esses nossos tempos de globalização. Claro que talvez tudo não tenha passado de uma bem pensada jogada de marketing da ABC pra ter mais chances no mercado internacional.

Lost é uma série irredutível a um “gênero” - no fundo eles estão atirando pra todo lado e apelando pra diversos públicos. É quase uma série que contêm outras séries: é ao mesmo tempo um Aventuras na Selva, um Mistérios do Além, uma Luta Pela Sobrevivência em Condições Adversas, um Histórias Edificantes de Companheirismo Nesse Momento Difícil, um Destinos Humanos Interconectados, um Historinhas de Amor Que Demoram Pra Engatar etc. etc. etc. Sem falar que tudo está envolto num sombrio clima de mistério não muito distante daquele dum Arquivo X, por exemplo, e sem falar que há algo que lembra os muito bem-sucedidos seriados de salvamentos médicos tipo E.R. através dos heroísmos de Jack. E agora provavelmente Lost vai se tornar também um Aventuras Subterrâneas qdo nossos heróis descerem aquele túnel tenebroso. Tô cum mó médão. =)

E eu que pensava que já era maduro o suficiente (era o quêê?! Maduro? Não me faça rir!) pra resistir às estratégias desses americanos canalhas que me querem como audiência de seus seriadinhos alienantes. Mas num teve jeito e Lost me capturou; agora tenho que ir até o fim descobrir que diabos tá acontecendo nessa ilha. They got me in a hook. Damn it!

domingo, 11 de junho de 2006

MAIS DISCOS PREDILETOS:
[1997 - 1996 - 1995]

sábado, 10 de junho de 2006

Pronto. A Fábrica dos Corações inteirinha aí embaixo. Agora...


sexta-feira, 9 de junho de 2006

Pus aí embaixo a 2a Parte da Fábrica de Corações, meu pretensioso e prolixo-pra-caralho conto de ficção-científica humorística e filosófica. Sei que ninguém vai ter paciência pra ler inteiro esse tijolão - nem eu tive saco pra reler e corrigir eventuais erros de digitação, ortografia e concordância. Que se dane.

Juro que tá acabando - daqui uns dois ou três dias coloco o Desfecho Apoteótico. Ainda estou decidindo se o Herói vai colocar um carro bomba no estacionamento da Heart Factory Inc., Clube da Luta style, ou se vou preferir algo de mais sutil.

E, caraca, que continho mais cheio de moralismo. É nojento.

terça-feira, 6 de junho de 2006

A FÁBRICA DE CORAÇÕES


we're manufacturing hearts, we've got the perfect thing
the word on the street: we've got the new love machine
heart with an on/off switch and a remote control
now you can program how you feel before you walk out the door

well you can leave it hot and you can leave it cold
you can give 'em what you want and you can get up and go
you can take your heart out and you can put it back in
i think we found the way to put the fun back in sin

it's not like an organ more like valentine
it's cherry cherry red and it beats on time
we're trying to reduce the heart on heart crime
you bring your heart to us we'll get it purified

what are you waiting for?


SLEATER-KINNEY, “Heart Factory”



CONTO EM 3 PARTES e MEIA

[1] – A Novidade e Porquê Aderi ao Hype
[2] – Os Corações Zero-Quilômetro e suas Raças
[3] – A Clínica de Reabilitação Para os Corações Adoentados
[3.5] - e, como epílogo, um NÃO que é um SIM.


[1] – A Novidade e Porquê Aderi ao Hype

Estava nas páginas publicitárias de todas as revistas, nos reclames de todos os canais de televisão, anunciado em todas as principais avenidas do país em outdoors gigantescos: a Fábrica de Corações finalmente abria as portas a seus clientes! O povo comemorou como se fosse dia de vitória na Copa do Mundo. Finalmente! Após séculos e séculos de esforços conjuntos de inumeráveis cientistas na área da medicina, da biologia e da genética, as mentes mais brilhantes que a humanidade já conheceu, a boa nova chegava. Homens de todo o mundo, rejubilai! Os corações estão à venda, e feitos à imagem e semelhança de suas necessidades! Agora podemos programar o jeito que vamos sentir todas as manhãs, regular a temperatura de nosso coração como se fosse um forno, injetar nele alegria industrializada... A velha promessa do capitalismo, antes sempre feita em vão, tinha se concretizado: a felicidade estava sendo vendida no supermercado! O preço do produto, num primeiro momento, ainda era um tanto salgado, e a Fábrica de Corações se dirigia principalmente a um público consumidor de classe média alta pra cima. Infelizmente, os ricos iriam deter o monopólio dos bons corações.

Fui lá conferir. Meu coração fazia tempo que tava me irritando, meio que zoando da minha cara, me transtornando a vida, me colocando em enrascadas. Ficava se angustiando por bobagens, como se gostasse de misturar glóbulos de melancolia aos vermelhos e aos brancos e fazendo isso fluir e refluir pelas minhas veias. Ficava cheio de covardias idióticas e de sonhos impossíveis. E parece que só de sacanagem me fazia cair apaixonado sempre pelas garotas erradas – ou seja, ou as já comprometidas, ou aquelas que não gostam de mim, ou aquelas de quem eu nunca teria coragem de me aproximar. E o pior: esse maldito coração não obedecia as ordens dos seus superiores na hierarquia, aqueles que moram na cabeça; não havia rédea que bastasse para impedir a revolta desse corcel selvagem! Em suma: eu estava de saco cheio do meu coração. Queria fazer um upgrade.

Fiz os exames todos, as radiografias, os exames de sangue, as cardiografias, tudo tudo. Mas não acharam defeito. O cardiologista depois veio e disse pra mim, com aquele tipo de raiva que tem os médicos quando recebem doentes que não estão de verdade doentes: “Meu rapaz, não há nada de errado com o seu coração! Ele é perfeitamente saudável! Não há absolutamente nenhum perigo de enfarte, nenhuma dificuldade cardíaca, nada de anormal em seus átrios e ventrículos! Seu coração está perfeitinho, perfeitinho! Agora dê o fora daqui!” Comentei comigo mesmo que esse médico não sabia do que estava falando. Quem melhor do que eu poderia dizer que meu coração não estava legal? Exames idiotas.

No dia em que fui visitar a recém-inaugurada Fábrica de Corações, que tinha acoplado um HiperMercado Coraçológico, a abundância de consumidores era de espantar. Os carrinhos de supermercado eram tantos, e se chocavam uns aos outros tantas vezes, que aquilo parecia um parque de diversões enlouquecido com crianças brincando de carrinho bate-bate. Em ritmo frenético, os consumidores iam enchendo suas sacolas com vários estilos de coração expostos nas prateleiras. A empresa até mesmo oferecia um tour pelas imediações internas da fábrica, bem parecido com aquele que Willy Wonka e seus Oompa Loompas oferecia aos visitantes de sua chocolateria, e nesse passeio podíamos ver a fabricação dos coraçõezinhos, eles correndo em fila indiana nas linhas de montagem, sendo instalados no tórax dos bem-aventurados compradores, e depois sendo enviados para o setor de pinturas...

Não havia falta de opções em termos de coloração: corações pretos, verdes, azuis, mostarda, cor-de-rosa – tinha até corações arco-íris (uma viadice só), corações caleidoscópicos, corações que brilham no escuro... Ninguém parecia se dar conta de que pouco importava a cor do coração, já que ele, após ser devidamente instalado, estaria escondido detrás da muralha do peito, na escuridão do corpo, onde ninguém seria capaz de ver a cor dele. Nem no raio X ia aparecer, porque raio X é pebê (dããã). Mas as pessoas simplesmente gostavam da idéia de ter um coração colorido e se imaginavam felizes ao poderem dizerem umas às outras:

- Meu mais novo coração é metade preto e metade branco, homenagem imortal ao Eterno Alvinegro do Parque São Jorge!! E o seu?

- O meu é verde, seu corinthiano filho da puta!!

Alegres diálogos semelhantes se tornariam corriqueiros.


[2] – Os Corações Zero-Quilômetro e suas Raças

Os modelos eram inumeráveis. Tanto que a Fábrica de Corações havia contratado e treinado toda uma série de vendedores que acompanhavam os clientes através das vitrines e prateleiras, apresentando os diferentes modelos de coração, suas características e suas vantagens, seus preços e seus prazos de validade. O meu me pegou pelo braço e foi me conduzindo pelas prateleiras, berrando ao meu ouvido...

VENDEDOR: Veja esse aqui! É divino! Esse é o nosso modelo mais precioso, o Coração Tanque de Gasolina! Ele é a concretização de um velho anseio profundo da alma humana. Quem não quis que existisse uma Máquina de Amor como existem máquinas de refrigerante, de maços de cigarro e de bichos de pelúcia? A gente ia lá, comprava uma ficha, a máquina enfiava um tubo no nosso coração e enchia tudo de Amor, num piscar de olhos, como se nosso peito fosse tanque de combustível... Pois bem: está feito. Com esse coração, que tem um buraco aberto onde será inserido o tubo fornecedor de amor, você poderá passar nos Postos de Reabastecimento que nossa empresa está instalando em todo o país e, por uma quantia módica (bem mais barato que o litro de álcool, eu te garanto!), pode encher o seu mais novo coraçãozinho com um pouco de Amor Líquido da melhor qualidade!

A idéia era tentadora. Não me parecia nada má a idéia de que existisse um Posto de Gasolina de Amor. Aí sempre que a gente se sentisse mau-amado, sem ânimo, como um carro cansado que ameaça parar no acostamento e virar sucata, era só encostar e encher o tanque. E eu acho que devia ser de graça, pois não ia ser justo só rico poder ter. Mas eu não entendia a idéia direito.

EU: Mas como é que isso funciona? Onde já se viu a gente ter no corpo um buraco abrindo direto para o exterior? O perigo de infecção que ia ser!

VENDEDOR: Ora, e você acha que a sua boca e suas narinas são o quê?

Eu nunca tinha parado pra pensar nisso.

EU: Nunca tinha parado pra pensar nisso.

VENDEDOR: Pois bem, posso mandar embrulhar?

Eu considerei a idéia por alguns momentos. Com esse meu novo coração, muitas coisas mudariam na minha vida, com certeza. Eu provavelmente não teria mais nenhuma necessidade de pessoas. Não iria mais amar ninguém porque não teria mais necessidade de ser amado por ninguém. Iria provavelmente me trancar no meu mundinho e ficar só “curtindo a vida” e queimando meu combustível - o ideal da auto-suficiência finalmente concretizado. Mas algo em mim se revoltava contra essa idéia. Queria eu abandonar a humanidade, mesmo que para isso ganhasse a felicidade? Não seria um crime ser feliz sozinho? Não valia mais a pena continuar em meio aos humanos, e prosseguir na luta e na solidariedade, do que me agarrar a uma solução assim tão fácil? E, além do mais, conquistar a felicidade através de um meio tão científico e tão frio... Eu queria amor, sim, mas queria ir buscá-lo não nos postos de gasolina instalados pela Heart Factory Inc., não queria um amor líquido e industrializado que me fosse dado porque paguei o preço; queria ir conquistá-lo num outro lugar, retirá-lo de outro poço: em outros corações humanos!

EU: Não. Esse eu não quero.

Prosseguimos para outra prateleira.

VENDEDOR: Temos várias outras opções, meu senhor... temos esse coração que vem acompanhado por um interruptor a ser instalado na sua cintura, e que permite ligar e desligar o órgão ao seu bel prazer. Quando você precisar, por exemplo, sentar-se para decifrar um texto de filosofia ultra-racional e não quiser que nada de sentimento ou de imaginação venha para te atrapalhar, você desliga o seu coração... Se, mais à noite, pra fazer a vontade da esposa ou da namorada, você vai ao cinema assistir uma comédia romântica água-com-açúcar, é só ligar o coração de novo e logo você estará derramando lágrimas a cada beijo melado da Meg Ryan com o... sei-lá-quem!

EU: Não sei se quero ser só razão nem só sentimento. Gosto que as coisas apareçam misturadas. Gosto de pensar com o coração e sentir com o cérebro. E isso de desligar o coração parece cômodo demais. Certamente isso me faria a vida mais fácil, mas não sei se quero uma vida fácil. Qual é a graça? Onde estará a Aventura de Viver? Sobrará algum espaço para a Adorável Imprevisibilidade do Futuro? Acho que também nesse modelo não estou interessado.

VENDEDOR: Bom, temos outros modelos interessantes. Esse aqui, por exemplo, é o Kit do Coração Descartável, que vem com uma dúzia de corações que podem ser facilmente arrancados do peito e jogados no lixo quando o cliente julgar mais conveniente. É um grande sucesso entre nossa clientela adolescente. Com essa nova invenção, você pode tranquilamente se apaixonar por uma pessoa numa noite, usufruir dela como bem entender, bem à maneira como fazemos com as bonecas infláveis, e, ao nascer do Sol, descartar juntamente a moça com quem se divertiu e o seu próprio coração descartável! Não é genial? Assim você não precisa se preocupar nada com essas coisas chatas que são o amor, o compromisso, a fidelidade, as promessas, os relacionamentos duradouros... Poderá se deixar conectar sabendo que não será incomodado depois por inadequados elos sentimentais! Pois o amor, meu caro senhor, é uma tragédia! E o coração descartável é a solução! De hoje em diante, só diversão! De hoje em diante, o mesmo princípio ético pode se aplicar tanto ao seu coração quanto a todas as pessoas ao teu redor: use uma vez e jogue fora! Esse é um dos nossos itens que vem fazendo mais sucesso popular! É o nosso verdadeiro Top de Linha! Posso mandar embrulhar?

Tive a sensação de que a qualidade do produto estava decaindo.

EU: Acho que não estou interessado.

VENDEDOR: Bom, temos também o Coração de Gelo, aquele que é completamente indiferente a tudo. Um verdadeiro achado! Com a aquisição de um Coração de Gelo, meu amigo, sua vida será muito mais tranqüila, serena e sem preocupações! Vou exemplificar algumas das vantagens desse produto... Veja bem, você por vezes não se sente com a consciência um pouco pesada, pensando no pouco que faz para ajudar a construir o tal do Mundo Melhor? Pois bem, temos a solução pra você! Com o Coração de Gelo, você poderá ver na televisão as criancinhas africanas sujas e esfomeadas agonizando sem alimento e sem remédio, e você poderá ver vídeos do Holocausto, dos campos de concentração e das covas de massa, e poderá ver os mais sangrentos e dolorosos filmes de guerra, e nada, absolutamente nada perturbará a serenidade da sua alma! Você, bem-aventurado comprador de nosso Coração de Gelo, não sentirá absolutamente nenhuma piedade, nenhuma compaixão – e vai simplesmente trocar para o canal esportivo ou pôr um filme erótico. E vai continuar se achando um ser humano muito bom. Não é genial?

E também o seu relacionamento com outras classes, dentro da sociedade, será muito melhorado e não haverá mais raiva ou desprezo em seu coração. Ao andar nas ruas, os mendigos e os alcóolatras vão te pedir trocados para o pão ou para a cachaça e você não vai se incomodar; não vai se irritar, não vai chamar a polícia, não vai xingar e cuspir no pobre diabo... Não: seguirá em paz seu caminho. Nenhum remorso ou sentimento de culpa turvará sua consciência sempre tão limpa. E não se trata somente de uma frieza que se refira somente aos pobres e deserdados desta Terra, não, não, não: se refere a todos! Se porventura você machucar alguma das pessoas que ama, não será invadido pelo arrependimento nem pela necessidade de pedir perdão. Estará em paz com todos os seus atos. Aliás, não amará ninguém de verdade, o que muitos clientes consideram uma benção! Não é providencial? Alguns de nossos clientes mais ricos estão comprando com furor e êxtase esse modelo de coração! Nos dizem eles que hoje dormem muito mais tranquilos à noite! Dormem o Sono dos Justos!!!!

Mas me permita ser sincero com o senhor: nossa empresa se sente um tanto decepcionada com as vendas alcançadas por esse produto... Ele realmente não vem fazendo muito sucesso popular...

EU:: Não acho que seja porque as pessoas não querem um coração desse tipo: é que muitas delas já tem um muito parecido!!

VENDEDOR: E o senhor, gostaria de ter um parecido? Mando embrulhar?

EU: Não, não, não! Muito obrigado... Preferiria uma coração de fogo, sempre em chamas, do que esse freezer horroroso que você quer me enfiar no peito.

VENDEDOR: Ok, então passemos adiante. Você pode ver aqui à sua frente o Coração das Torturas, um item que muitos clientes adquirem para oferecer como presente para seus inimigos e desafetos. Ele vem acompanhado por esse genial Controle Remoto dos Suplícios, através do qual você pode selecionar o tipo de dor que quer infligir ao portador do coração. Veja os botões: CULPA – PAVOR – PÂNICO – ANGÚSTIA... Sem falar nos simulacros de dores físicas e doenças: CHUTE NO SACO – CÁRIES – DIARRÉIA – FRATURA EXPOSTA. O produto é tão comprovadamente eficaz, meu senhor, que certos clientes, após presentearem seus inimigos com o coração, conseguiram com que seus desafetos se suicidassem em menos de 24 horas...

EU: Meu Deus, mas isso é assassinato! Eu deveria ligar para Polícia!

VENDEDOR: Suicídio não é assassinato, meu amigo. Os portadores dos corações se matam porque estão infelizes, e até onde eu sei a infelicidade não é proibida. Se ser infeliz desse cadeia estaríamos quase todos presos.

EU: Mas isso é vender um serviço institucionalizado de sadismo e crueldade! Vou procurar a justiça para que as devidas medidas legais sejam tomadas contra essa empresa nojenta de voc...

VENDEDOR: Não há nada que a lei possa fazer contra nossa empresa: só fornecemos um serviço muito legítimo para que certos clientes dêem vazão a seus sentimentos. E além do mais só seguimos a lei da oferta e da procura. E o senhor muito se surpreenderia ao saber da quantidade de pessoas que desejam machucar outras.

Aquela Fábrica de Corações estava me dando nos nervos.

EU: Não quero.


[3] – A Clínica de Reabilitação Para os Corações Adoentados

VENDEDOR: Bom, se o senhor sente dificuldades em se interessar por qualquer dos corações zero-quilômetro que oferecemos, há ainda uma outra opção: o senhor pode se internar na nossa Clínica de Reforma de Corações e dar um jeito no seu. É como se você levasse seu carro para a oficina mecânica para uns ajustes, uma troca de óleo, uns aperfeiçoamentos básicos...

EU: Compreendo. E que tipo de... melhoramentos... a empresa forneceria ao meu coração?

VENDEDOR: Podemos blindá-lo. Daí em diante ele passaria a resistir a tiros de 38, de automáticas 9mm e outras armas pequenas. Ainda estamos desenvolvendo a nossa técnica de blindagem para que ela aguente AR-15s e bazucas, mas o senhor não me parece ser o tipo de pessoa que seria um alvo potencial deste tipo de armamento.

EU: Um coração blindado? Mas eles sempre podem atirar na minha cabeça.

VENDEDOR: Outras empresas vão cuidar de fabricar uma blindagem para cabeças, meu senhor, fique sossegado. O estado de nossa nação o exige! Logo logo estaremos todos nós andando por aí com nossos rostos escondidos detrás de capacetes à prova de balas e com nossos peitos dotados de corações blindados.
EU: Não sei se gosto muito da idéia... Adoro respirar ar livre, sentir a brisa matinal acariciando o meu rosto, e os raios de Sol me aquecendo a pele desnuda e vulneráv...

VENDEDOR: (entra cortando, sarcástico...) O senhor é realmente um poeta, mas hoje em dia, do jeito que anda este país, é bom deixar de lado esses romantismos bestas! Todos estão fazendo o mesmo, o senhor vê... Estão todos tomando medidas drásticas para se protegerem. E estão muito certos, eu lhe digo! Nossa elite já está tratando de criar bunkers e quartos-do-pânico em suas mansões, sem falar na instalação das câmeras de vigilância, dos seguranças particulares e das BMWs blindadas... O senhor já deve ter ouvido falar que o Brasil tem a maior frota de carros blindados do mundo? E por que não expandir esse negócio para nossos corações e mentes, meu caro? Temos que blindar tudo, tudo, tudo!

EU: Cada um na sua jaula, certo? Cada um na sua jaula...

VENDEDOR: Cada um usufruindo do sublime sentimento de segurança, meu senhor! Isso sim!

EU: Cada um se auto-enjaulando numa cela fechada, vivendo no cagaço, e o cada-um-por-si cada vez mais exagerado... isso sim!

VENDEDOR: Mas é preciso, senhor! É preciso! Hoje em dia a gente não pode conversar inocentemente com ninguém porque qualquer um pode ser um bandido, um assassino, um estuprador! É preciso considerar que todos os desconhecidos têm secretas más intenções até prova em contrário! Até mesmo com nossos conhecidos temos sempre que estar alertas, com um pé atrás e com a paranóia fervendo sempre em nossas panelas! Não podemos revelar nada do nosso íntimo porque não sabemos o que farão com essa informação! Pode ser que planejem sequestros! É um perigo, digo a você, senhor, é preciso se proteger...

EU: Me proteger do quê, cara? Que tenho de importante que me possam roubar? Qualquer coisa que possuo não tem muita importância. Tudo o que o tem um preço não tem muito valor. Que me roubem um relógio, uma carteira, um carro, que me importa? Vou me auto-emprisionar só por medo de que me tirem coisas que, no fundo, nada importam? Prefiro confiar nas pessoas. Por que não apostar mais na inocência do que no vício? Por que não considerar que todos são inocentes e confiáveis até prova em contrário?

VENDEDOR: Sim, seu tolo, confie sim nas pessoas e veja a tragédia que vai ser! Você vai andar por aí com o coração desprotegido e a cabeça sem capacete, e sabe o que vai ganhar com isso? Vai morrer cedo! Baleado, esfolado, esfaqueado! A cidade é uma selva, meu amigo! Então o senhor não quer mandar blindar seu coração, hein? Quero ver o que o senhor vai pensar sobre isso no dia que for assaltado e tomar um tiro no peito... O que vai pensar, hein senhor? Hein?!

EU: Merda acontece.

VENDEDOR: Vejo que o senhor gosta de viver perigosamente...

EU: Não é o melhor jeito de viver?

VENDEDOR: Viver bem não é viver bem protegido, senhor?

EU: Tem gente que tem tanto medo de morrer, tanto medo de não sofrer, que acaba por não viver - e chama esse não-viver de “se proteger”... Precisamos ficar nus na tempestade da vida!!

VENDEDOR: Não quero entrar em discussões existenciais, meu senhor, não passo de um mero vendedor de corações. Mas vejo que convencê-lo é dureza. Mas temos ainda outros serviços a oferecer em nossa Clínica... O senhor pode, por exemplo, nos contratar para que façamos uma sessão de drenagem do seu coração.

EU: Uma o quê? Uma drenagem?

VENDEDOR: Sim, nós desenvolvemos técnicas que possibilitam intervenções químicas que fazem com que o coração seja purificado de certos males... Se você está se sentindo temeroso, agoniado, solitário, por exemplo, é só vir e pedir que drenemos completamente esse lixão de seu coração. Se você é alguém que tem certas tendências a ser melancólico e angustiado (e leio nos seus olhos, meu caro, que esse provavelmente é o seu caso!), basta se internar na clínica por uma hora que drenaremos tudo... Não é maravilhoso?

EU: E eu escreveria com o quê, depois?

VENDEDOR: Com o quê escreveria? Hmm... Com uma caneta, eu suponho. Ou com um computador. Suponho que sejam esses os acessórios que se costuma usar para escrever...

EU: Não no meu caso.

VENDEDOR: (constrangido) Bem, o senhor tem todo o direito de não querer ter a angústia drenada de seu coração (com cara de tem-maluco-pra-tudo-nesse-mundo...). Mas deixe que eu lhe mostre outras opções – temos, é claro, o nosso Setor de Remendos e Costuras aos Corações Partidos… Esse setor também utiliza uma técnica de drenagem para retirar de seu coração todas as mágoas amorosas, depois utilizando a Super Pritt Cardíaca para recolar os pedaços... Agora é verdade o que Cobain cantava: “My heart is broke, but I have some glue!” Quer tentar?

EU: Não quero. Um coração partido é um ótimo professor.

VENDEDOR: Temos uma máquina de amnésia, também... Tiramos à idéia do Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Somos capazes de eliminar quaisquer memórias de coisas que você viveu com pessoas de quem hoje não gosta. Apagar todos os seus arrependimentos, todos os seus remorsos, todas as suas memórias dolorosas, todos os seus traumas. Sua vida inteira completamente purificada de tudo o que você fez de errado!!

EU: Meu Deus, apagar todos os meus erros? E o que sobraria de mim? Eu perderia 90% do que sou! Talvez tudo! Me deixe em paz com meus erros, meu caro vendedor. Não quero apagar nenhuma pessoa da minha memória. E meus erros também são excelentes professores. Quero guardá-los dentro de mim como se fossem troféus!

VENDEDOR: O senhor é de fato o consumidor mais bizarro que já pisou nessa Fábrica de Corações.

Meu entusiasmo pela Heart Factory Inc. se fora completamente e eu não aguentava mais.

EU: Adeus, senhor. Acho que não vou levar nada.

E me mandei.


[3.5] – Epílogo contendo um NÃO que é um SIM.

Saí dali com o meu velho coração batendo firme e forte no meu peito, o mesmo coração covarde, idiota, ranheta e cheio de vazio que eu horas atrás odiava com toda a força e queria ter substituído por algo melhor. E me peguei pensando comigo mesmo: “ah, ele até que não é tão mau assim... Acho que vou ficar com ele”.

E fiquei.
...THE END...

sexta-feira, 2 de junho de 2006

PROCURAMOS!!!
BATERISTA, BAIXISTA E VOCALISTA
PARA BANDA DE MÚSICA ROQUE.
Quem souber de qualquer coisa, faz favor aí e me informa...
Ensaios em algum canto de SP começando no próximo findi.
E vamoaê que o Top Of The Pops nos aguarda!!

REPERTÓRIO INICIAL:

Arcade Fire - Wake Up
Black Crowes - Remedy
Coldplay - Politik; Shiver
Faith No More - A Small Victory
Franz Ferdinand - The Fallen
Incubus - Megalomaniac
Jimi Hendrix - Voodoo Child (Slight Return)
Led Zeppelin - Over The Hills And Far Away
Los Hermanos - O Vencedor; Cara Estranho
Nirvana - In Bloom
Oasis - Don't Look Back In Anger; Supersonic
Pearl Jam - World Wide Suicide; Do The Evolution
Pink Floyd - Run Like Hell
Ramones - 53rd And 3rd
Rolling Stones - Sympathy For The Devil
Strokes - Barely Legal; Reptilia; What Ever Happened; You Only Live Once; Juicebox
White Stripes - Seven Nation Army