a divina comédia do indie rock nacional.
A gente tava lá, firmes e valentes, sujando nossos All-star de lama e encharcando a alma de rock and roll, com a empolgação de quem pensava estar na Woodstock do indie tupiniquim. Debaixo do céu nublado e ameaçando chuva de Ribeirão Preto, dois jornalistas gonzo, fissurados em rock independente, se mandaram pro Groselha Fuzz querendo matar dois coelhos numa só cajadada: curtir horrores o festival e ainda cobri-lo pr'um materião a ser escrito depois, contanto tudo em detalhes minuciosos e excessivos, para o orgulho de Tom Wolfe...
A gente não era contratado da Rolling Stone porra nenhuma, é claro.
Pode ser que isso seja fazer um pouco de Drama, mas nós, embarcando na mesma onda que o Groselha Fuzz quis surfar, fomos do céu ao inferno em um fim-de-semana. No sábado, Ribeirão Preto era o centro pulsante de uma festança rock and roll reunindo algumas das bandas mais bacanas do indie rock nacional, juntas para um evento que se desenrolou com uma perfeição ímpar, apesar do público pequeno que apareceu. Aquilo lá parecia uma grande festa de república, meio desencanada e tosca, mas muito, muito legal. Uma festa de república com 15 bandas do caralho, organizada por gente sem muita grana mas cheia de idéias brilhantes e espírito independente. A utopia velha do do-it-yourself estava ali, vivendo, pulsando, concretizada dum jeito invejável. Sem ajuda de ninguém, o bando de amantes do rock independente nacional chefiado por Thiago Fuzz, determinado a turbinar a cena paulista, tinha conseguido criar um festival incrivelmente interessante. O Sábado do Groselha Fuzz acabou e nós fomos pra casa achando que o festival era merecedor de todos os louvores possíveis e imagináveis.
Além da bebedeira e das lorotas para conseguir entrevistas, outros episódios curiosos cruzaram nosso caminho, destraindo nossa atenção da música no palco. Invadindo o back-stage para barrar uma banda que havia acabado de terminar um show, e que queríamos abduzir para um papo nos camarins (aliás mui confortáveis!), quase matamos de susto uma mocinha da organização do festival. Quando chegamos na beira do palco, fomos tomados por gente do ECAD, que estariam ali para cobrar uma grana de direitos autorais. “Vocês não são do ECAD não, são?” - perguntou a pobre moça, apavorada, para os dois jornalistas gonzo protagonistas desse curioso episódio de má identificação de autoridades (a gente é Rolling Stone, porra! Que mané ECAD!). E ela falava como se fosse uma moça judia na Alemanha nazista perguntando: “vocês não são da SS do Hitler não, são?”
Foi uma noite excitante, empolgante, cheia de bons sons e ótimas descobertas. A idéia era ótima: um mega-festival de rock independente numa chácara no interior de São Paulo, reunindo 30 bandas em um fim-de-semana inteiro de festa, numa espécie de Woodstock indie erguida no interior paulista para o deleite de qualquer fã de bons sons underground. O Groselha Fuzz, projeto ambicioso, quase megalomaníaco, todo realizado com um puta espírito de independência, de companheirismo entre bandas, de do-it-yourself puro, surgia como uma das mais fortes festas indie no estado de São Paulo, imitando iniciativas parecidas como o Bananada (que acontece em Goiânia a alguns anos) e o já tradicional Abril Pro Rock (que revela anualmente uma série de bandas nordestinas).
A idéia, posta em prática, parecia estar funcionando às mil maravilhas: aqueles que foram até a Chácara do Dudu, nas beiras da Rodovia Anhanguera, kn 303, em Ribeirão Preto, SP, encontraram no sábado um festival praticamente impecável. A presença de dois palcos, próximos um ao outro, evitava que o público se enfezasse com chatas interrupções e esperas entre uma banda e outra: quando uma estava acabando seu show em um dos palcos, a outra já estava a postos e prestes a começar instantaneamente o seu em outro. A música ao vivo era quase non-stop e as bandas se sucediam loucamente numa sincronia perfeita. A qualidade e a altura do som estava sem problemas – a música que saía dos amplis era límpida e não se ouviu uma única microfonia ou cabo desconectado durante toda a longa noite. O preço do ingresso – 25 reais para ver o festival inteiro – estava bastante acessível e justo, especialmente considerando os abusos grotescos que estão sendo cometidos pelos grandes festivais mainstream por aí (como o Tim, que cobrou 200 pilas na sua última edição para os shows de Artic Monkeys, Killers, Julliette & The Licks, Bjork). A latinha de breja estava num nível aceitável (r$2,50) e um esquema um tanto tosco mas bastante eficiente de alimentação, com pizzinhas fritas e macarrão, deu pro gasto.
Estes jornalistas gonzo não têm vergonha de confessar que não botavam muita fé na qualidade de grande parte das bandas escaladas para o evento – parecia óbvio que, das 30 e poucas bandas que tocariam no Groselha Fuzz, certamente haveria pelo menos uma meia dúzia de tosqueiras horrorosas colocadas no cast mais pra encher lingüiça do que por verdadeiro merecimento. A surpresa positiva foi grande quando notamos que todas as bandas que subiram àquele palco realmente MERECIAM estar lá – mesmo aquelas com um som mais intragável e experimental, como o post-rock noisy do Gray Strawberries (de Indaiatuba) ou a barulhência meio Mars Volta do Visitantes (de São Paulo) estavam perfeitamente de acordo com a proposta das bandas.
Bem-humorado, o vocalista principal, João Canterella, que adotou o nome artístico Johnny Pop (“em homenagem ao Iggy Pop dos anos 70!”), conta que a banda começou com ele na guitarra querendo fazer som com um batera que não tinha bateria. O que era um surf rock instrumental feito por duas pessoas acabou se transformando numa poderosa banda de rock and roll que tem tantas guitarras quanto o Iron Maiden e que sobre o palco tem a insânia de Iggy das antigas. O vocalista elogiou a decisão do festival de escalar somente grupos com som próprio, criticando as dúzias de bandinhas cover desnecessárias que existem por aí (“Se eu quiser ouvir Beatles, eu ponho o vinil lá em casa!”). Olha com sarcasmo para as toscas gravações que fizeram em começo de carreira, usando microfoninhos de computador, e comenta que, pelo menos, vai poder chegar do trabalho, daqui a 20 anos, “pôr aquela coisa tosca pra rolar e pensar: ‘como eu era bizarro!’” Inspirados pelo exemplo do Groselha Fuzz de Ribeirão, os caras estão armando em Franca o Guerrilla Gig, outro festival indie que promete acontecer nos próximos meses.
Os “tiozões” também estavam presentes – é o caso do Coyotes, que existe desde 1995 e que, segundo seu líder (o guitar-hero e mestre da gaita Samir), “vive acabando”. Ele nos garantiu que a banda já está chegando à sua 17ª formação. Samir nos diz que eles se consideram uma “banda de blues que faz um rock” e que têm influências de r&b, funk antigo, Howlin Woolf, Neil Young e Jimi Hendrix (homenageado com uma música que é meio surrupiação de “Foxy Lady”). Ele confessa que tem “mania de nunca se modernizar” e continua fincado num blues-rock de raiz - que pode não ser original, mas que é tocado com um feeling e uma competência instrumental impecáveis.
“Até o fim dos anos 90, a cena dependia dos ‘apaixonados’, dos donos de bar. Hoje em dia mudou muito”, considera Samir. “A net facilitou pra caralho e agilizou muito mais as coisas. Hoje em dia, os shows são organizados por pessoal de banda, que sabem na real como é a cena underground”. O músico comenta ainda que em Serrana, cidade de origem dos Coyotes, eles realizaram a invasão de um parque abandonado há 18 anos e tomaram um prédio semi-demolido, onde procuram realizar ações sociais. Além disso, os Coyotes fazem parte de um coletivo de bandas, o Sindicato do Rock.
Outra banda novinha em folha que empolgou estes jornalistas até o tutano de seus ossos gonzo foi a Plano Próximo, de São Carlos, banda tipicamente universitária que faz algum do melhor rockinho moderno que vimos em cima de um palco nos últimos tempos. Composta por amigos de facul, a maioria deles que cursavam Imagem e Som na UFSCar, a banda faz uma mistura muito bem realizada entre um “dance-rock” que lembra o The Rapture, Kasabian e Peaches e uma espécie de new wave do século 21 que soa como o encontro do Blondie com o Franz Ferdinand. A vocalista Carol, com uma presença de palco impressionante, uma voz poderosa e um figurino sexy e provocante, chefia a banda – que ainda conta com a baixista Raquel, os guitarristas Gustavo e Daniel, e o batera que esquecemos de anotar o nome. A banda cita como influências Elastica, Weezer e Yeah Yeah Yeahs. Se fosse uma banda inglesa, tinha tudo para ser alvo de um mega hype na NME e ter algum single explodido nas paradas. As letras são em português, o que dificulta um pouco a penetração no mercado no exterior, mas o som da banda teria tudo para seguir a onda de Cansei de Ser Sexy e Bonde do Rolê e marcar presença na cena indie internacional.
Outra banda que fez um show pra lá de empolgante foi a prata da casa Motormama, um dos melhores grupos de rock and roll de Ribeirão Preto e mesmo do rock nacional atual. A banda, que começou como um power trio barulhento com influência de Husker Du e Mudhoney, hoje é um grupão que conta com dois vocalistas principais, um tecladista que usa de “golpes intergalácticos” em seu instrumento e uma energia fodida em cima do palco. O vocalista, guitarrista e jornalista Régis citou como influências sons como Neil Young, Mutantes, Led Zeppelin e as trilhas sonoras para os bangue-bangues spaguetti de Enio Morricone, mas também elogia bandas atuais como o Arcade Fire (“quem tem muito do Echo & The Bunnymen fase Ocean Rain”) e o White Stripes (“que é um Led mais garageiro”) como sons que curte.
A banda, que já possui dois discos lançados e prepara o seu terceiro, conta com um bom reconhecimento – já tiveram discos destacados pela Rolling Stone com uma cotação de 4 estrelas, já foram citados na Playboy e na Bizz e já tocaram em vários cantos do Brasil (incluindo Joinville, Belo Horizonte, Arcos da Lapa (no Rio)), sem falar em lugares clássicos de São Paulo, como a Funhouse (onde já estiveram 5 vezes). No papo que tivemos nos bastidores, Régis, que elogiou em cima do palco a coragem do povo que organizou o evento (“tem que ter muito colhão para fazer isso aqui!”), comentou que a cena indie rock da cidade é muito fraca. “Sem o Groselha não existe o indie de Ribeirão”. Quanto à Internet, ele diz que é completamente favorável à disponibilização de discos completos em mp3, apesar de, por enquanto, não existir nenhum álbum do Motormama disponível neste formato no site oficial da banda.
De fora do estado veio o Acidogroove, banda de Uberaba/MG, que faz um som influenciado por Secos e Molhados, Mutantes, Tom Zé, Pink Floyd, Radiohead e Los Hermanos. O vocalista e compositor Fred, conversando conosco numa garagem inóspita da Chácara do Dudu, debaixo de uma chuva fina, com um dos jornalistas gonzo apoiando seu caderno no capô de um opala imundo, fez uma longa palestra sobre o estado das coisas na música nacional em comparação com a situação de décadas atrás. Saudosista e apegado às tradições, ele lembra com saudade dos tempos da Tropicália e da bossa nova e sugere que houve uma certa “degradação na música nacional”. Ele comenta que “a massa está dominada pelo mal” por falta de cultura e informação, mas diz: “não culpo o povo por ouvir algo que não faça bem para o intelecto”. O músico e compositor comenta que o som do Acidogroove privilegia as letras com “conteúdo”, mas que é necessário ter também uma melodia cativante para que esse conteúdo possa “chegar”. A banda, que possui o raro privilégio de possuir 4 compositores diferentes, já começou a ser premiada em concursos importantes, vencendo o prêmio de Revelação no concurso Toddy – façanha que Fred reconta com muito orgulho.
E na mesma noite ainda rolaram shows bacanas de Enne, Os Telepatas, Seychelles, Alma Mater, sem falar na presença ilustre do ex-VJ da MTV Thunderbird – ainda uma “figuraça”...
* * * * * *
O DOMINGO
Descendo a rampa que dava para o hall principal, fomos percebendo sinais cada vez mais evidentes de que algo estava errado: carros parados onde deveria estar o público; caminhões sendo enchidos com caixas de som e amplificadores; todas as barraquinhas que vendiam CDs e camisetas no dia anterior completamente desmontadas e sem vendedores; e pior: ninguém ali além de dois jornalistas gonzo, pasmos com aquela cena de desolação, e alguns caras trampando no desmanche do que deveria ser o Groselha Fuzz – fase 2. O festival tinha miado.
E a pergunta que não quer calar é: quem matou o Groselha Fuzz? Resposta difícil de ser dada, mas temos nossos suspeitos.
O principal carrasco desse que foi um dos mais festivais mais bacanas do indie rock paulista nos últimos anos parece ser esse: o desinteresse do público. Talvez o problema maior esteja na mentalidade bastante difundida nessa multidão de pessoas que cresceram acostumadas às comodidades culturais da MTV e das rádios FM e que não se interessam em ir, com uma pá em mãos e sem preguiça de mineirar, para cavar buracos e achar ouro no underground. Tem muita gente por aí que raciocina mais ou menos assim: “se eu nunca ouvi falar nessa banda, se nenhuma gravadora quis contratá-la, se nunca vi um clipe dela na MTV, se ela não sai na Rolling Stone nem na Bizz, se o Lúcio Ribeiro nunca comentou sobre isso, deve ser porque ela não presta!” Os carrascos do Groselha são os milhões de comodistas alienados que só comem a papinha que foi preparada pelas grandes empresas. Os tontos que deixam seu gosto ser moldado pelo sucesso de mercado. Os trouxas que confundem projeção social com qualidade artística e que deixam mil bandas maravilhosas apodrecerem nos porões da música brasileira por pura negligência e desinteresse. Todos aqueles que não vão atrás da informação. Que não prestigiam eventos pequenos com bandas sem renome. Que não compram discos de bandas independentes. Que nunca viajariam algumas centenas de quilômetros até uma cidade no interior de São Paulo “só” para conhecer umas 30 bandas do indie nacional de que nunca ouviram falar.
As estimativas de público que a organização do Groselha fez podem ter sido excessivas, talvez, mas é compreensível que esperassem que mais gente se interessasse por um festival tão estupendamente interessante quanto esse – que deveria ter chamado para Ribeirão uma intensa onda migratória de uma pá de cidades do interior de São Paulo e da Capital. Infelizmente, não foi o que aconteceu. Terá sido deficiência na divulgação do festival? A informação de que ele estaria acontecendo não atingiu muitas cidades do interior? Será que o Thiago Fuzz e o resto do pessoal que bolou tudo superestimou a quantidade de gente que se sentiria atraída por um festival tão fodidamente atraente quanto esse? Difícil saber. Mas o clima de decepção estava no ar. O Groselha Fuzz foi uma coisa tão legal que dava dó notar que só umas 300 pessoas estavam ali para testemunhar aquela maravilha.
A vontade que deu, confessam sem pudor os jornalistas gonzo, foi de pôr pra funcionar as atividades do Esquadrão de Extermínio de Micareteiros, uma caridosa ONG sem fins lucrativos que já foi idealizada tempos atrás por um desses engenhosos gonzos como uma espécie de atividade paralela à uma banda imaginária. Sim: deu vontade de sair atropelando aquela horda de pessoas grotescas, vestidas com aquelas roupas tão “cheguei!” que chegam a brilhar no escuro, e brincar de GTA da vida real, trucidando-os como formigas. Por favor, se algum dia esses diabólicos jornalistas gonzo quiserem entrar para a vida política, não votem neles se não quiserem ver o Brasil transformando numa tirania totalitária onde os micareteiros serão sistematicamente exterminados em campos de concentração! :P)
“É tudo culpa do capitalismo!” é quase um chavão senso-comum, mas pensa bem. Talvez, mais do que o desinteresse do público, seja o capitalismo – e o domínio cada vez maior dele sobre todos os ramos da cultura - o culpado pelo sufocamento do Groselha Fuzz. Parece que hoje em dia, um festival de música, para dar certo, precisa ser patrocinado e sustentado por alguma grande empresa multinacional cheia da grana que banque tudo e ainda fature horrores em cima. TIM Festival, Claro Que É Rock, Planeta Terra, Campari Rock, Skol Beats, Motomix... Parece que só “viram” festivais endinheirados, bancados por empresas de telefonia, internet ou bebidas, que chamam grandes atrações internacionais e montam um esquemão altamente hi-tech e cheio de pirotecnias para seus festivais.
E como ficam os eventos underground em comparação? Como formiguinhas perto de elefantes. Apequenados. Ou mesmo pisoteados. E nós, consumidores de música pop, nos esbaldamos nos grandes festivais capitalistas e não damos bola para os eventos underground organizados e postos pra rolar com tanto custo e suor por uma gente do caralho que faz do do-it-yourself um verdadeiro culto. Nada contra essa disseminação de grandes festivais e as atrações que já trouxeram para o país - atrações que não viriam pra cá de forma alguma. Não reclamamos das benesses do capitalismo que trouxeram para cá Arcade Fire, Wilco, Franz Ferdinand, Gang of Four, Björk, MC5, Supergrass, Nine Inch Nails, Iggy and the Stooges, Flaming Lips, Strokes, Cat Power, Primal Scream, Sonic Youth, White Stripes, Super Furry Animals, Art Brut, Rapture, Kings of Leon, Arctic Monkeys, Kasabian, Radio 4, Lily Allen, The Killers, Mission of Burma, Hot Hot Heat, Devo, We Are Scientists e tantos outros, só nestes últimos anos.
O problema é deixar que isso se torne a única realidade. O problema é o público ficar viciado naquilo que podem nos fornecer os Tio Patinhas da TIM, da Claro ou da Motorolla, se esquecendo que pessoas comuns, como nós, estão batalhando com um puta suor e trampo, no underground, tentando fazer acontecer festivais locais. O problema é o público achar que só é hip, cool, bacana e invejável ter comparecido a todos esses grandes eventos e que o “resto” é resto. O problema é a mentalidade de quem pensa que não vale a pena marcar presença num festival que não aparece na grande imprensa, que grande parte das pessoas nem sabe que está acontecendo, já que não dá pra se gabar de ter ido ao Groselha Fuzz do jeito que dá pra se gabar de ter gastado uns 500 paus pra ver todas as atrações do Tim Festival.
Por isso é preciso gritar: o Groselha Fuzz foi massa pra caralho! Tontos de vocês que não foram. Arrependam-se. Confessem esse crime ao padre. Rezem cinquenta aves-marias. E ano que vem não cometam o mesmo erro. Todo mundo lá! A organização merece todos os louvores possíveis; as bandas, quase todas, eram do caralho; o espírito comunitário, de companheirismo e do-it-yourself, estava explícito em todo canto desse projeto utópico que Thiago Fuzz e companhia tentaram levantar; dá gosto de ver que existe um rock independente tão fervilhante, eclético e fresco pulsando no underground brasileiro. Tanto que dizer que “o festival não deu certo” é pura bobagem. Deu certo – muito certo. O segundo dia, cancelado, não tira o mérito do primeiro dia, que foi perfeito. O caso pelo menos é cheio de lições a aprender. Aguardamos ansiosamente pelo próximo Groselha Fuzz. Do primeiro saímos apaixonados.