quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

THE RAINBOW'S END

talvez o que encontraremos
no fim do percurso
é só a descoberta
de que procurávamos
o inencontrável.

Como quem leva anos
para chegar ao fim do arco-íris
só para descobrir
que não há pote de ouro.
Ou como alguém que cavalga
em seu camelo pelos desertos
sem jamais topar
com o mítico oásis.
Ou um crente que se flagela,
se reprime e se penitencia
só pra notar, ao morrer,
que o céu era um engodo
e que lá, no país sem regresso,
não há nada.
Nada além de nada.


Talvez essa cansativa peregrinação do desejo
em busca do que ele mesmo se imagina
sempre atrás da plenitude que se delira
seja nada mais que lição
que nos ministra o não
mais forte que o sim.

A amarga pedagogia
das travessias vãs.

Vai ver que o prêmio
é descobrir
que não há
prêmio algum.
E assim ser
maravilhosamente
dispensado
desta inútil missão.

Não sou bobo de sair por aí,
com minha rede de borboletas,
à caça de fadas madrinhas
e gnomos da floresta.
Nem tento velejar até a Lua.

E se a vida me provasse,
sem possibilidade de dúvida,
que a Felicidade é como Papai Noel?
uma bobagem para enganar os ingênuos,
um nino para as criancinhas pegarem no sono,
uma chupeta para que os adultos parem de chorar...
talvez seria melhor.
Pois cansei de tentar.
Quero parar de querer.

Que bom seria se a felicidade não existisse!
Que alívio, se fosse certo que o amor é ilusão!
Que descanso, não ter ilhas no horizonte a alcançar!