(um quadro de LUIS BADOSA, "Homenagem a Fernando Pessoa")
Ah, esse ar de otimismo nos começos de ano é tão fedorento! Nada como um pouco de niilismo para perfumar o ambiente e nos fazer cair na real:
"Nada fica de nada. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.
Leis feitas, estátuas vistas, odes findas -
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada."
RICARDO REIS.
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