sábado, 1 de janeiro de 2005

< OTIMISMO DE CU É ROLA... >

(um quadro de LUIS BADOSA, "Homenagem a Fernando Pessoa")
Ah, esse ar de otimismo nos começos de ano é tão fedorento! Nada como um pouco de niilismo para perfumar o ambiente e nos fazer cair na real:

"Nada fica de nada. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.

Leis feitas, estátuas vistas, odes findas -
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada."

RICARDO REIS.