Aquela ambição idiota que eu tinha inventado foi concretizada: fiz as LISTINHAS com os meus discos prediletos de cada ano desta década aqui, que na verdade é a primeira que eu tô acompanhando em "tempo real". Sendo um filho de 1984, cheguei à adolescência só no fim dos anos 90, e é só aí que começou de verdade o meu caso de amor obsessivo pelo rock and roll, pela indie-garimpagem, pelo air guitar e pela gritação/cantoria na hora-do-banho. Foi só mesmo nos anos da década 2000 q eu fui ouvindo os discos à medida q eram lançados, e acompanhando o "impacto social" do troço como testemunha ocular, de modo q me acho razoavelmente bem antenado e familiarizado com o q foi feito de melhor em termos pop-musísticos nestes últimos seis anos.
Claro que nada disso seria possível se não tivesse ocorrido essa imensa revolução causada em nossas vidas de amantes de música pelo fator MP3 . No fim dos anos 90, naquela época tão distante e tão arcaica, quando a internet ainda deixava a conta telefônica mais cara, os modems ainda tinham nomes estranhos como "28.800 kps" e uma música demorava 45 minutos para vir, o Mp3 era mais uma promessa do que uma realidade. Hoje ele já deu um jeito de mudar radicalmente o modo como nós consumimos e pensamos a música pop - já ameaça até fazer entrar em colapso todo o edifício da indústria fonográfica e promete, num futuro não muito distante, tornar as lojas de disco estebelecimentos comerciais obsoletos. O poder até tentou destruir essa revolução comunitária fechando o Napster, o Audiogalaxy e alguns programinhas parentes, mas hoje é óbvio que o MP3 se tornou uma "praga" (excelente praga!) completamente incontrolável - e que é ele quem vai obrigar a indústria a se adaptar, e não o contrário.
É só pensar que no fim dos anos 90 ainda era praticamente inimaginável q eu pudesse estar fazendo listas de melhores do ano contendo 20, 25, 30 álbuns, a maioria deles nem lançados no Brasil. Naquele tempo, adquirir todos esses discos originais exigiria uma fortuna digna dum Tio Patinhas, que eu, é claro, não tinha à disposição - só mesmo economizando com muito suor e muitos recreios em jejum q eu conseguia comprar, no máximo, dois discos ao mês - e nacionais. Agora tudo mudou. Com um Soulseek e um Speedy em mãos, os discos estão quase todos à distância de um mero clique, e muitas vezes meses antes do lançamento oficial. A internet se tornou uma imensa biblioteca sonora onde podemos livremente explorar e descobrir a música de todos os tempos. Essa facilidade excessiva pode ter tirado um pouco do gosto pelo garimpo e o prazer pela posse daquilo que antes "ninguém tinha", mas as vantagens são mto enormes pra ficar reclamando...
Quanto às minhas listinhas: é claro que vão faltar mtos álbuns q eu ainda não ouvi ou que ainda não "bateram" - e a idéia não é deixar as listas feitas de uma vez para sempre, mas ir sempre mexendo, mudando de idéia, trocando posições, adicionando discos hoje ausentes. E é claro que certos queridinhos da crítica que pra mim não descem (tipo o Sigur Rós!) eu vou deixar de fora, pois se trata de um lance totalmente subjetivo: não os melhores discos, mas os meus favoritos. O que significa que, às vezes, eu vou escolher um disco que a crítica séria ignorou completamente, mas que eu acho completamente adorável, mesmo sabendo que não é uma "obra-de-arte" de "alto valor estético". É o caso, por exemplo, do disco do Saves The Day que ganhou a honra de ser um Melhor do Ano, mesmo que eu não conheça ninguém na crítica q tenha elogiado devidamente essa pérola. Não quero nem saber: adoro fanaticamente o "In Reverie", canto junto com todas as músicas, acho supimpa do começo ao fim, e não tenho medo de falar bem de uma banda confessadamente EMO. Andam dizendo que os emos hão de herdar a Terra - bom, se eles forem ouvir Saves The Day o dia todo, well, that's fine with me.
E agora vou lá estudar os anos 90 (os queridos anos 90!) pra depois, quem sabe, fazer o mesmo com eles (eita falta do que fazer...). Chega de papo. Aí vão então os meus discos prediletos de...
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