sexta-feira, 21 de julho de 2006



AO VIVO
no SESC Sto André
21 de Julho de 2006


"Infelizmente, aqui no SESC vocês não podem ficar bebendo o tempo todo, nem puxar fumo, mas mesmo assim...", diz ao público o divertido vocalista da Bidê ou Balde, conclamando todos a (mesmo na ausência de estimulantes químicos...) dar vazão histérica à alegria prum bom show de róque no comportado teatro do SESC Santo André - com bebida e cigarro proibidos (?!?). E a indie band gaúcha, que vem subindo como um rojão (também por causa do trampolim que foi o MTV Acústico da gauchada...), prova em cima do palco que tem tudo pra se tornar uma das bandas de rock mais populares do Brasil. Um sonzinho cada vez radiável, uns refrões cada vez mais colantes, umas guitarrinhas cada vez mais supersônicas e strokes-mais-feliz, uma atitude cada vez mais pop-star, uma pirotecnia cada vez mais de banda grande...

"Bidê ou Balde tem o álibi indefensável por ter sempre escancarado seu objetivo: queriam o topo do showbusiness, o cúmulo do hi-fi, mainstream direitoso, Las Vegas", diz o Matias em ótima resenha do Outubro ou Nada!. Não sei se isso é mesmo um "álibi indefensável", mas ninguém pode acusar os caras de terem traído a "causa independente" - porque "vendidos" eles foram desde o começo (haha). Tá certo: essa banda nunca foi mesmo "indie de verdade", daquelas "pelo underground", e sempre quis mesmo estar lá no topo. E parecem estar conseguindo. O público, nessa ocasião pelo menos, estava lotado de menininhas de uns 15/16 anos de idade (colegiais, escola particular, todas bem produzidas...), indício de que não é assim tão impossível imaginar uma baldemania nos moldes da beatlemania (essa foi terrível...) .

A tecladista e backing vocal Vivi, única mina da Bidê, tem tudo pra se tornar uma das maiores sex-symbols que o rock nacional já conheceu (se bem que a concorrência é bem pequena...). Ela é simplesmente irresistível com aquele sorrisinho estampado na cara full-time e aquela sainha quadriculada que fica voando pra cima e pra baixo (ahhhhh... ahhhh!) quando ela saltita pelo palco. E o vocalista Carlinhos, quase um Tim Maia Jr., terninho à la Hives e cabelo de quem meteu o dedo na tomada, é um legítimo rock-star - e poser até dar nojo (o que tem seu lado divertido). Exagerado e cheio de maneirismos, ele esperneia, se esgoela, se joga no chão, sua como uma catarata, se arrasta usando a roupa como pano de chão... Não dá pra entender como ele não perde peso fazendo tanto exercício físico nos shows. :P

Tudo bem que às vezes a coisa parece teatral demais, uma empolgação forçada de tão entusiasmada... mas ninguém pode dizer que os caras não dão a impressão de que estão curtindo absurdos o som que estão fazendo. Duas covers matadoras (de Replicantes e Weezer) e um desfile de gomas deliciosas de new-wave, e a Bidê ou Balde convence com uma performance pra lá de confiante e cheia de energia. Essa é a Jovem Guarda do século 21, a primeira onda da new wave brasileira, o começo da era do rock hedonista...

Ver shows da Bidê ou Balde, do Cachorro Grande ou do Forgotten Boys hoje em dia é perceber que finalmente está surgindo no Brasil uma cultura de bandas de rock and roll simples e sem firulas que só querem mandar ver uma sonzêra e fazer o público se divertir. A ambição está fora de moda. O que tem seu lado bom, mas que também causa algumas catástrofes... como por exemplo as letras, que no rock brasileiro em geral continuam sendo lastimáveis e constrangedoras, e que são realmente o ponto mais fraco de quase todas as bandas nacionais atualmente na ativa (o que só faz com que o Los Hermanos se destaque ainda mais como a Grande Banda Brasileira...). Mas num quero ser reclamão. O show da Bidê ou Balde é foda - e recomendo pra todo mundo que puder ver. Eles são realmente uma banda de róque barulhenta e que faz o pessoal sair dos shows com as orelhas apitando, apesar de, em termos de som, de imagem e de atitude, serem poppy e bubblegum até não poder mais. São o nosso Weezer - e cada país tem o Weezer que merece...


DISCOGRAFIA

Se Sexo É o Que Importa, só o Rock é Sobre Amor (2001)
Outubro ou Nada! (2002)
MTV Acústico - Bandas Gaúchas (2005)
É Preciso Dar Vazão aos Sentimentos (2006)

LEIA MAIS

ALEXANDRE MATIAS
UMA ENTREVISTA
SCREAM AND YELL
OUTRA ENTREVISTA
BACANA