terça-feira, 11 de dezembro de 2007

:: Pisca-Pisca ::

A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais.

[...] A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. Pisca e mama; pisca e brinca; pisca e estuda; pisca e ama; pisca e cria filhos; pisca e geme os reumatismos; por fim pisca pela última vez e morre.

- E depois que morre? - perguntou o Visconde.

- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?



( trechinho d'um livro do monteiro lobato que eu infelizmente não li na infância - tomara que eu nasça de novo, de preferência sabendo português e num tempo depois de Lobato [será que dá pra renascer no passado?], só para ter o prazer de ser criança e ler um treco desses... conheci no museu da língua portuguesa no tri-legal tour que fizemos eu e a carol por lá um tempinho atrás, no tempo da exposição da clarice, e agora roubei o trecho, ressurgido no meu caminho, do scrapbook da Ellen... Acho um dos trechinhos mais adoráveis da literatura brasileira inteira. :)