terça-feira, 1 de fevereiro de 2005

< especial KILL BILL! >

É o seguinte: tô tornando disponível de novo a velha resenha watchtoweriana de Kill Bill vol. 1, com alguns pequenos retoques e correções, e depois vem um texto escrito após a assistência de Kill Bill vol. 2 que não é tanto uma resenha sobre o mesmo mas sim alguns comentários jogados a respeito do Kill Bill Completo e das relações entre o 1 e o 2. Os textos, apesar do intervalo de um ano entre a escrevência de um e de outro, são um pouco repetitivos, mas tô com preguiça demais para eliminar do segundo texto o que já foi dito no primeiro. Enfim, eis aí algumas palavras sobre o épico cyber-faroeste de ultra-violência super-heróica de Quentin Tarantino:

KILL BILL 1

Tarantino, conta a lenda, era um trabalhador de video-locadora que preenchia seu tempo assistindo a centenas de filmes dos mais diversos estilos, épocas e padrões, até decidir se tornar cineasta. No começo dos anos 90, surgiu com dois clássicos da subversão cinematográfica moderna, um par de thrillers sombrios repletos de explosões de violência gratuita em tragicomédias suburbanas situadas numa América encharcada de criminosos, sangue e vísceras. Pulp Fiction (1994) e Cães de Aluguel (1992) o colocaram no imaginário coletivo como um dos mais comentados cineastas dos anos 90, para o bem ou para o mal. Cultuado por muitos como um grande iconoclasta e um dos defensores do cinema alternativo, rechaçado por outros como um sensacionalista que só sabe fazer o sangue jorrar na tela, Quentin, amado ou odiado, deixou marcada com fogo sua passagem pela história do cinema. Injetou novo gás nos filmes de gângster, ressuscitou velhos filmes negros B, espalhou por suas obras uma série de referências pop-culturais e abriu caminho para uma série de seguidores (Guy Ritchie, de Snatch, o mais famoso deles). A crítica especializada, apesar da polêmica, foi bastante favorável: Pulp Fiction, por exemplo, foi indicado a 7 Oscars e venceu a Palma de Ouro em Cannes. Quentin é, muito provavelmente, o mais influente cineasta da década de 90. QUERO LER TUDO!


KILL BILL 2

"Quentin, esse junkie de cinema B e de música subterrânea, que se orgulha de idolatrar o que a "crítica séria" chama de "lixo cultural", parece ter feito um filme de fã em que se põe a imitar os filmes de que gosta (os faroestes velhos, desde os mais clichês aos mais clássicos do John Ford ou do Sergio Leone; os filmes orientais de artes marciais e espadas samurais mágicas; a porra do Karatê Kid!) mesmo sabendo que eles, no fundo, não devem ser levados muito a sério. Kill Bill parece manter sempre o espectro de um sorriso irônico flutuando atrás de si, como se Quentin piscasse para o espectador e dissesse: isso é trash! como é que gostamos dessa porcaria?

Kill Bill (principalmente o vol. 1) chega perto de ser um daqueles thrashíssimos filmes de ação em que o Schauzenéga ou o Istaloni se livram sozinhos de exércitos inteiros, saindo imaculados mesmo que alguns milhares de balas de metralhadora e algumas dezenas de granadas tivessem sido atiradas contra eles. Ou daqueles fubengosos seriados televisivos japoneses (lembram do Changeman, de Jaspion, de Jiraya?) onde os heróis espancam com facilidade os monstrenguinhos retardados numa luta que é só aquecimento para a batalha principal. Ou ainda dos Karatês Kids da vida em que um mestre de olhos puxados e disciplina rígida irá iniciar o herói nas artes marciais... Quem não gostou dessas porcarias na infância? E quem é que, como Quentin, não sente um certo prazer irônico em rememorar o nosso terrível mau-gosto do passado?" QUERO LER TUDO!