terça-feira, 29 de julho de 2008

:: a caravana humana ::


LA CARAVANE

La caravane humaine au Sahara du monde,
Par ce chemin des ans qui n'a pas de retour,
S'en va traînant le pied, brûlée aux feux du jour,
Et buvant sur ses bras la sueur que l'inonde.

Le grand lion rugit et le tempête gronde;
A l'horizon fuyard, ni minaret, ni tour;
La seule ombre qu'on ait, c'est l'ombre du vautour,
Qui traverse le ciel cherchant sa proie immonde.

L'on avance toujours, et voici que l'on voit
Quelque chose de vert que l'on se montre au doigt:
C'est un bois de cyprès semé de blanches pierres.

Dieu, pour vous reposer, dans le désert du temps,
Comme des oasis, a mis les cimetières:
Couchez-vous et dormez voyageurs haletants."


(Théophile Gautier)


A caravana humana pelo Saara do mundo,
Por este caminho dos anos que não têm retorno
Vai-se arrastando o pé, queimada pelo fogo do dia,
E bebendo de seus braços o suor que lhes inunda.

O grande leão ruge e a tormenta retumba;
No horizonte fugidio, nem minarete, nem torre;
A única sombra que há é a sombra do abutre,
Que atravessa o céu à procura de sua presa imunda.

A caravana avança sempre, e logo se defronta
Com algo de verde que apontam-se com o dedo:
É um bosque de ciprestes semeado de pedras brancas.

Deus, para vos dar descanso, no deserto do tempo,
Como oásis, colocou ali os cemitérios:
Deitem-se e durmam, ó viajantes sem fôlego.


(tradução e adaptação minha, amelhorando a versão do José Lino Grünewald - que eu achei bem meia-boca para este poema FODÁSTICO. )