quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

AêÊêêÊ!

Parece então que as coisas estão entrando de volta nos trilhos...

Claro que eu mal consegui dormir essa noite. E os caras da Fuvest parece que gostam de tortura, tifalá... Ao invés de soltarem o lance à meia-noite, que é a atitude moralmente mais certa :-] pra num ficar judiando dos pretendentes-a-bixo sem razão, eles enrolam e enrolam e enrolam... Sádicos. Eu devo ter entrado naquela desgraça daquele site umas 60 vezes por toda a madrugada. E nada. E nada. CINCO DA MANHÃ e nada. Chegou uma hora que eu desencanei e disse: "vou pra cama, deixa pra amanhã!". Mas é claro que o sono num ia vir com tanta ansiedade borbulhando na minha cabecinha... Eu só queria que o futuro tivesse um rabo que eu pudesse puxar e fazer ele chegar mais rápido... Até coloquei pra rolar
<>o CD da Madeleine Peyroux, o melhor jazz de ninar que eu conheço (eu adoro aquela voz de velha de 90 anos de idade toda classuda que ela tem... ouvindo nem dá pra imaginar que a moça tem só uns 30 e <>esse visú....) - mas não, ela não conseguiu. "Tanta esperança e tanto medo..." É nessas situações que eu percebo o quanto o Mestre tem razão quando diz que a esperança e o medo são como gêmeos siameses, que vem sempre colados um no outro, e que, por essa razão e por muitas outras, a esperança é um dos maiores venenos que nos estraga a vida... Ih, ó o senhor Filósofo chegando aí... Agora é sério.

Agora passou aquela tormenta da Indecisão, da Indefinição, da Angústia, do Futuro Desconhecido... agora sei mais ou menos pra onde estou indo. Tou mais de boa. Tá na hora, agora, de procurar casa pra morar. E depois comprar uns móveis usados, porque os meus aqui de Bauru tão mais pra sucata do que pra móveis. Tô afinzão de continuar morando em República. Os últimos 4 anos da minha vida eu morei nesse Santuário de Bem-Aventurança e Harmonia que foi a BUÇALOUCA e que é agora a ADHUKHEIN, e foi realmente uma experiência de vida realmente muito muito foda. Vou sentir altas saudades disso aqui, de todas essas pessoas com quem eu morei, de todas essas histórias bizarras que eu carrego na memória... Vai dar um bom "Em Busca Do Tempo Perdido PUNK" daqui a alguns anos! Se Proust tivesse morado em República seria um escritor bem melhor - num falaria tanto de vestidos, salões de baile e bolinhos... Aquela bichona fresca...

Nesses meus últimos tempos em Bauru eu tô vivendo meio naquele estado de Saudade por Antecipação... sei lá como chamar esse sentimento. Só sei que é saudade da boa: aquela que se alegra pelo que viveu ao invés de se entristecer pelo que perdeu. Tanta coisa que eu quero contar... Olhando pra trás, na história desse blog, noto que eu falei muito pouco sobre a minha vida universitária e republicana por aqui - fora os xingamentos (merecidíssimos, aliás) contra o curso e os professores... Deve ter gente que fica com a impressão de que essa experiência toda foi pra mim uma merda tão grande que eu estaria arrependido. Mas de jeito nenhum. Não tô arrependido de nada. Se pudesse viver de novo, faria a mesma escolha de novo: iria abandonar São Paulo e a PUC de novo, iria me mandar pra Bauru e pra Unesp de novo, ia de novo subir a Ladeira da Benjamin Constant em direção à Buçalouca, ia de novo me abrigar lá no Porão junto com o Valinhos, ia... Porque tudo foi muito massa. Fugir de casa aos 17... quer coisa mais massa? É uma das coisas de que eu mais me orgulho.

Certo: eu gosto de dizer que FUGI de casa, porque assim minha vida fica mais parecida com um filme, quando é óbvio que foi tudo na base do consentimento e da aprovação. O lance é que, se eu escolhi ir pra Unesp, não foi certamente por causa da Qualidade do Curso ou por preferir Bauru a São Paulo. O lance é que eu queria ir embora de casa, que estava imensamente infeliz vivendo em família, que precisava urgentemente tentar algo novo, e agarrei a oportunidade... É sempre melhor se arrepender de algo que tu fez do que de algo que não fez, né? Então fugi de casa aos 17 aninhos, quase um bebê (o segundo mais jovem da minha sala), pra ir morar a 400 quilômetros de papi e mami, num porão, dividindo quarto com uma das criaturas mais gente-fina desse mundo (e ELE VIU RAMONES AO VIVO! ELE VIU RAMONES AO VIVO! Isso é que é Lenda...), e divindindo casa com um monte de gente que, olhando pra trás, eu vejo com um puta carinho (por mais bicha que isso possa parecer)... isso tudo foi muito bom. "I have nothing but afection for all who have sailed with me!"...

Viver em Família, depois disso, num dá vontade nenhuma... Depois de conquistar a independência, depois de morar com amigos, depois de ter me acostumado ao delicioso caos da vida republicana, num tem como curtir aquela vidinha regrada e certinha e luxuosa que eu levo em família. (Vê se pode: meu quarto é arrumado TODO SANTO DIA quando eu tô em Família. As pessoas não respeitam meu gosto pela zona! Não entendem que meu caos é um modo de ordenar as coisas. Nunca acho nada depois que me arrumam o quarto. E nunca entendi porque mãe sempre quer que a gente arrume a cama... pô, a noite já tá chegando aí, vamos ter que dormir de novo, pra que arrumar o que vai ser logo desarrumado?) Morar sozinho, pelo menos por enquanto, não quero. Não quero fazer nada sozinho. Chega. Cansou.

República é bem mais trimmassa. Qualquer dia desses eu preciso contar uns CAUSOS REPUBLICANOS (eu e o Mininão até fizemos um Trabalho Final sobre isso pra nossa DEPÊ... olha a coragem!). São de cascar o bico.

Tah virando QUERIDO DIÁRIO versão XIITA esse blog, hein? Costumava pensar que era melhor ficar só nos Assuntos Impessoais, só na Cultura e na Arte, mas não acho mais: o que importa é a vida. A arte pode esperar. Quero nem saber, estou a fim de fazer isso e vou fazer. Num é nenhum crime, é? A gente tem direito de ser egocêntrico uma hora ou outra, né?

Que venha a tinta! Que venha a máquina de rapar cabelo! Vou ver se peço pros veteranos me fazerem um MOICANO - quero ver como fica... Quero ser igual ao cara na capa do Rancid. Que venha o pedágio! Que venham mais aulas insuportavelmente chatas porque eu já tô com saudade de reclamar! Que venham os livros do Hegel e do Merleau-Ponty porque faz tempo que num taco livro com raiva na parede! Que venha! Ê beleza! Sou BIXO de novo, pela Terceira Vez! Tenho mesmo gosto pela coisa... Agora sim dá pra gritar:

U F A !