segunda-feira, 24 de novembro de 2008

:: tb não gosto da nasa! cadê meu disco voador? ::


ASTRONAUT!
da série: NA CASA DA MÃE JUANA (pt. II)

eu, cosmonauta da galáxia interior,
viajando avoado com as miras na eu-volução,
agora tenho um amiguinho do reino vegetal!
aliado q me deixa grávido de loucuras brilhantes,
que vou dando à luz às dúzias, com parto fácil...
i'm an astronaut in the sky of my own mind!

não é que eu tenha andado por aí a abraçar árvores feito um hippie,
nem que tenha comprado um bukê de rosas para a minha sacada,
nem que tenha entrado na onda vegan.
deixa disso...

algumas destas loucuras que brilham como sóis
minhas redes e radares não retêm!
voam ao meu redor como borboletas,
coloridas, insanas, excêntricas, febris...
que não se deixam aprisionar em vidros
para exibição em galerias ou poemas.

estou agora na torre de observação da nave,
sobrevoando meu próprio planeta,
chocado com os bizarros E.B.E.s (*)
que encontro em meus próprios bosques!
mando-lhes cartões postais desta estranhíssima terra!

(*) vivendo e aprendendo: a Gi me ensinou que "E.T." é para os fracos!
Chique mesmo é ser uma Extraterrestrial Biological Entity!


* * * * *

FAÇAMOS UMA PLACA DE ALERTA!

(muito sincera.)

POR FAVOR, NÃO ME SIGAM:
TAMBÉM ESTOU PERDIDO.

(e aposto que bem mais que você!)

mas se tô te confundindo,
é pra te esclarecer...


* * * * *

>>> JAZZIN' MY EARS
agora já ouço jazz como nunca antes ouvi. os helicópteros lá fora pareciam que estavam girando suas hastes velocípedes dentro deste dormitório onde obviamente – a lógica obriga – eles não estão. já estou ouvindo coisas lá no fundo da gravação de Art Blakey que se parecem com moscas zunindo ou um trombone peidando com vagar.


>>> ESPINAFRE E O MARINHEIRO POPEYE.
(ou OS PRIMÓRDIOS DE MINHAS BOAS RELAÇÕES COM OS V-G-TAIS)

- Ah, sim! Fui uma criança nutricionalmente muito bem educada, Meritíssimo! Que ótimos conselhos não me forneceram! Mamãe e vovó sempre me diziam que eu devia ter boas relações com o reino vegetal! Tudo que saía dele fazia mó bem pra saúde: as fruta, os legume, as verdura, as maionese, os grãozinho, os cereal killer, era tudo supimpa. Mas a gente ouve? De propósito, às vezes, só de birra, e outras por real nojo, recusamos as iguarias verdes. Agarramos hot dog, chocolate, pipoca doce e otras podreiras. E nem notamos que mamãe estava certa - que vegetal é o maior barato! Tenho um deles que é predileto, mas nisto existem controvérsias, e dado que gosto é relativo omitirei o meu em prol de verdades mais absolutas. Como serão as que já concebo concebendo. As dores do parto de grandes idéias!

Do que é mesmo que eu tava falando?

Eu, por ex, tenho até hoje uma visão bastante positiva da moral e bons costumes da cenoura, do alface, do tomate e das cebolas, que certamente são gente de bem, apesar de hoje superados na minha hierarquia por plantinhas bem mais bacanas. Espinafre na infância eu até gostava, mais pelo psicológico do que pelo gustativo, já que o marinheiro Popeye, desenho provavelmente patrocinado por alguma empresa hortifrutigranjeira querendo aumentar suas vendas de espinafre, tratou de nos catequisar. Comendo um potinho de espinafre – mais útil que o potinho de ouro no fim do Arco-íris! - você salvaria qualquer Olivia Palito, ainda que fosse mais sedutora e rechonchudinha, das garras de qualquer Brutus Brucutu, ainda que tivesse tomado mais anabolizantes. Eu tentei. Juro que m'entupia de bolinhos de espinafre, que ficavam nojentos como um Gremlin depois da primeira mordida, mas não me sentia transformar subitamente em Hércules. Taria satisfeito de ser He-Man, até porque na época nem manjava de gregas mitologias e era mais afeito a gritar "pelos poderes de Greyscol!". Nem tinha idéia do porquê falarem tanto em “tregos e troianos” pra dizer “todo mundo”. Como em: “Espinafre é capaz de transformar em valentíssimos heróis tanto gregos como troianos!”. Era o credo infantil da época. As nutricionistas e mamães rejubilavam-se feito cheerleaders em final de World Series.

O que eu estava dizendo é que hoje vô lá nas pizzaria e ao invés da tradicional calabresa, que é feita de porco cortado em rodelinhas, olho com outros olhos horrores que haveriam de me horrorizar em outros tempos: escarola com mussarela, brócolis com alho! Acredita que tô comendo dessas barbaridades? Dá a ilusão boa de que você está fazendo algo bom pra saúde. E vai que dá o maior barato! Sei bem que não, ou as mamães não estariam pondo brócolis e escarolas no prato dos filhos. Ainda não chegamos a um grau tal de civilização. Temos muito a evoluir! Um dia as mamães deste pequeno cosmos – our little corner of the universe! - ainda vão pôr cogumelos mágicos no prato de café da manhã dos filhos, como hoje fazem com os ovos gordurentos com bacon. E diz se não será uma evolução!

Evolução pois permitiria maior eu-volução.

* * * * *

>>> UM BABACA COM AUTO-CRÍTICA
Ê loucurinhas besta. Por eqto, aguardamos a transmissão das grandes epifanias! Dos versos poéticos que entram para a história! Dos sangramentos de Deus que você traz na algibeira! Aquelas descobertas que merecem berro bem mais trovoooso que o “eureka”! Aquelas sacadas que fariam os mestres hindus virem fazer um carinho na sua careca e convidar a escalar as hierarquias do monastério! Tu pensa que é genial, seu xarope? Cê é só um insanozinho temporário, que mal tem memória, que nem por 100 pilas conseguiria construir um narrativa linear, e acha essas mau escritas linhas, ainda tão presas, tão sem luz, tão sem asas, possam alçar vôo a tais extremos de glória... como flechas saindo deles para ti, cravando-se no teu peito, como mil seringas cheias de morfina, curando na hora as dores, os buracos, as incoerências, a fome, direto nas veias do coração, um novo energizante, gives us the rush, the high, the skies... Mas não.

* * * * *

>>> TODO EU É TODA UMA TURMA.

É escroto que vc tenha acreditado nas pessoas que te mentiram isso: QUE NA VIDA A GENTE SÓ PODE SER UMA PESSOA SÓ. Acorda, Cuzão. Numa vida desse tamanho, dá pra botar muito mais vida dentro, por contrabando. Por que hesitar entre o ser alguém e o ser ninguém, como você parece tão insistentemente fazer, ao invés escolher a terceira opção, tão mais legal: ser um monte de gente! Acho que é bem mais divertido. Como uma promoção das vidas: mil vidas em uma. Você pode ser tudo!

Um terremoto nos alicerces do "eu" provará ser muito benéfico. O inimigo é crermos que sabemos quem somos. Essa certeza precisa cair! Precisamos ficar temporariamente sem chão debaixo de nossos pés. Sondando o terreno. Pisando em várias pedras. Brincando com várias possibilidades sobre nós mesmos. Experimentando ser muitos. Notando que o eu é correnteza, como tudo o mais, e nada mais tolo que pensar-se estátua. Seres humanos adoram escrotear suas vidas brincando de estátuas! Devemos brincar é de ser cachoeira!

Não existe eu verdadeiro. O errado é a pretensão do eu de ser algo estável. Ele não é. E é teimoso em não aprender isso. As pessoas infiam em suas cabaças cabeças próprias essa babaquice do sou-só-eu. Eu também costumo ser tonto assim: achar que sou um. É uma babaquice gigantesca. Ser você, caro leitor, é uma bobagem imensa. Você é um completo babaca se você é uma pessoa só. Que desperdício de potencial! Como Woody Allen falou sobre Deus: "uma coisa que se pode dizer dele é que é um baita desperdício de potencial". Se toca, bobão, que ser um só é como comer só um bombom da caixa de bis da vida. Como é que vc vai gostar da vida só sentindo o gosto de ser essa miséria... você?!

A lição é que ninguém é ninguém, apesar de ninguém ser Todo Mundo. A gente é e deve ser conscientemente um conjunto de alguéns. A gente é toda uma turma.

Seja outros. Diferentes do que você pensa ser. Acolha-os. Deixe-os visitar. Segurar o leme. Comandar o barco por alguns momentos. Ninguém irá a pique. Não há risco de naufrágio. No horizonte: a perspectiva de uma sussidão, quando todos se confiarem e se deixarem fluir. É preciso soltar as rédeas que atrelam só um cavaleiro à carroça consciência.

* * * * *

>>> A EU-VOLUÇÃO É EU-DISSOLUÇÃO!
(E ALGO PIEGAS SOBRE BORBOLETAS...)

Deixa eu tentar explicar.

O eu evolui se expandindo, saindo de seu fechamento, rompendo seu casulo, abrindo suas janelas, arejando seus dormitórios, borrifando água nas paredes, deixando passar as correntezas limpantes, loucamente brancas, que arrastam todo o lixo em gulfadas, em furacões, em tufões dignos de Moby Dick. O eu evolui indo na direção de sua própria dissolução. Para ele, o suicídio é virtude. Mas não é bem suicídio como tratamos dele em termos humanos: alguém chegar todo ao fundo do poço e nele se tacar enfim. Traumatismo craniano. É suicidío no sentido de que uma larva se suicida para se transformar em borboleta. É suicídio de quem deixa de ser um eu e passa a ser muito mais. Um vaso que guarda o universo. O preciosíssimo universo. Claro que nesta mísera caverna que sou, posso guardar muito pouco desse descomunal tesouro. Mas tolo é quem não guarda nada. Por ter fechado as portas. E não falo guardar querendo instigar a poupança! Muito pelo contrário. O eu eu-volui exatamente por ser radicalmente anti-poupança. De modo que os tesouros explodem através de suas paredes. As paredes do eu param de guardar os tesouros e as moedas de ouro e os diamantes e as esmeraldas íntimas voam afora, aladas, quase machucantes de tão belas. Temos todos dentro de nós uma gaiola de borboletas coloridas, que poderia deleitar o olhar e o aroma encantar, mas que mantemos à chave. Deixa voar tuas borboletas íntimas, leitor!

Voar não para que tu as perca. Voar para que, voando, elas alegrem o olhar, dulcifiquem as almas, coloram os ares, e para que sintas-te alegre por ter tantos alegrado, muitos mais do que somente a ti mesmo.

* * * * *

>>> O CÉU (HIPóTESE TEOLÓGICA)
Se o Céu existisse, acho que seria impossível chegar lá sozinho.

* * * * *

>>> LIÇÃO DE SABEDORIA

ESPREGUIÇA-TE
COMO SE QUISESSE
COLHER AS ESTRELAS DO CÉU.


* * * * *

>>> NÃO À ABERTURA PELA MOTOSERRA!
Quebrar fronteiras. Ir dar uma passeio pelas estepes e periferias, longe do teu centro. Perder o centro não é perder o mastro, levar o navio a pique, estraçalhado contra o rochedo. Passear pelas margens ao redor do centro, conhecendo esses bosques, essas cavernas, essas ramificações, que como gânglios pulmores vão indo para mais fundo em nosso ser, é jornada que recompensa. Expandir esse centro. De consciência. Consciência se espreguiçando, indo com força em direção ao despertar. Como se quisesse colher do céu as estrelas. E re-espalhá-lhas pelo cosmo com mais lustro e brilho e luz. Não abra a tua cabeça com um martelo ou motoserra. Abra a tua cabeça como quem abre uma janela, e sabendo que lá fora, pelo cantar dos passarinhos, é sol e é luz quem chegam pioneiros.

Abre-te. Como se fosses uma janela.
Se chover, molha-te.
Se nevar, gela-te.
Se flecharem, fira-se.
Mas mantenha-as abertas e se abrindo.
Pois um dia haverá Sol.
Um Sol que nunca conheceram os que, por medo, viveram no escuro.

* * * * *

>>> OUT OF THE MATRIX!
Claro que ainda estou confinado. Mas sinto soldadinhos nos limites das minhas paredes obrando para derrubá-las. São janelas enferrujadas que estou empurrando pra fora com toda a força, na esperança de que se abram finalmente, num repente. Nós nos confinamos ao confinar nossa consciência a essa idéia fixa e alucinatória do nosso próprio eu! Esse conjunto de crenças e ilusões que olhamos magnetizados. Olha pra outro lado, consciência! Olha para eus que foram, eus que você teme ser, eus que quer ser, eus que você imaginou que foi ou... melhor: OLHA PRO MUNDO, consciência! THE TRUTH IS OUT THERE. Lá fora. Sai da Caverna Interior, da Jaula Fedorenta, desse Poço de Podridão, que é teu euzinho!

* * * * *

>>> BE AN UMBRELLA!
Quero ser dessas pessoas que se esquecem nas coisas. Que tratam-se como se fossem guarda-chuvas quebrados, esquecendo-se em qualquer lugar, até porque é dia de sol. Me perder lá fora. Pois se perder é se achar. Temos um universo como moradia e habitá-lo é nossa glória!

* * * * *

>>> A GENIALIDADE DE TUDO.
A genialidade de tudo se desnuda quando arrancamos as cortinas da consciência com os puxões benignos da erva santa erva. Ainda bem que eu não tenho cabeça! E ame-me ou deixe-me em paz.

* * * * *

>>> MOSTRE A BUNDA PARA A POUPANÇA.

O CONCEITO DE POUPANÇA DEVE SER DIZIMADO. EXPULSO DO MUNDO DA ALMA COMO O PIOR DOS VENENOS! Nada é para ser poupado. Pois alma não é cofre nem carro forte. Falo em alma e temo que as pessoas pensem de modo reliogoso tonto. É justamente o contrário. Estou falando que tudo dentro de nós morre com nosso corpo. Que na verdade somos tipo um saquinho plástico fácil de romper. Não convêm deixar nada nele! Tudo lá pra fora! Evacuar o prédio da mente como se fora um prédio em chamas!

As pessoas não percebem que a qualidade da experiência vivida é infinitamente mais importante que essa besteira da possessão. Vraiment demoniaque! Das almas que caíram em más graças, dizemo-las possessas. Estamos todos possessos pelo demônio da posse. E tudo que se pode ter nos será tirado. Pois a vida mesma nos veio emprestada. Nossa tocha está queimando em nossas mãos, em nossos corações, mas não somos os donos desse fogo. Participamos de uma corrida de revezamento. Logo sairemos da prova, fornecendo a chance para novos corredores.

* * * * *

>>> A MIRROR TO THE UNIVERSE
Mente foi feita pra ser jarro vazio onde o Universo se derrubar e se espelhar. Faça-te vazio para que o Universo caia dentro de ti. Com a Luz de uma explosão de AURORA BOREAL! Isso foi um delírio místico. ME FAZER ESPELHO. Onde o Universo todo se reflita. Verossímil e totalmente. Achas que conheces o cosmos? Dele só sabes um grão! O que nele consegue entrar pelo teu buraquinho de fechadura é miséria, miséria! Ninharia! Somos todos pequenos rastores, ratinhos, rastejôres, répteis, ralé das ruas, que ficam escondidinhos em seus porões malcheirosos, observando uma frestinha de luz mísera que se abre quase nada para um esplendor lá fora de que fugimos como loucos.

* * * * *

>>> REGINA SPEKTOR

"Love is the answer
To a question
I've forgotten.
But I know I've been asked.

AND THE ANSWER'S GOT TO BE LOVE."

* * * * *

>>> UMA FANTASIA
Mamãe, quero me mudar pra Amsterdam!