sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007


Fazia tempo que eu não me empolgava tanto com uma revista. Já tive vários affairs de amor tórrido com muitas delas, mas muito antigamente: já comprei Bizz doidamente, por uns três anos seguidos, e sonhava com o dia quando eu poderia fazer parte do staff; tenho uma coleção de Rock Press que bate no teto da prateleira, algumas delas com as páginas mutiladas (porque eu arrancava coisas pra colar na parede do quarto); tive minha fase Caros Amigos e quero-ser-jornalista-militante e só queria saber de quem falasse mal do neoliberalismo, do imperialismo e do famoso “sucateamento do ensino público”; já assinei Carta Capital por um ano, falando mal da Veja pra todo mundo que eu conhecia; ah, e já devorei um bocado de Heróis no tempo em que eu era fã dos Cavaleiros do Zodíaco... Mas fazia tempo que eu não tinha uma fase de curtir pra caramba uma revista de novo. A Rolling Stone nem me empolgou, pra falar a verdade. E o preço das bichinhas, atualmente, desanima. Cê quer comprar uma Bravo e é uns 12 paus... aí cê desencana.

Agora a Piauí... a Piauí é foda. Ando achando que é com certeza a melhor revista do Brasil e que, depois de ler qualquer das edições piauienses, você pega a Veja e sente vontade de amassar folha por folha e jogar no lixo. A Piauí preza por um jornalismo literário que é realmente uma delícia de ler. Sem falar que em vários momentos, tá ali um humor de primeira, às vezes mais escrachado, outras bem sutil. E rola uma mistureba muito boa dos mais variados assuntos, reunindo sob o mesmo tempo teto cultura, política, sociologia, culinária e o escambau...

E o que mais me agrada no jornalismo ao estilo Piauí (que, dizem, é influenciado pelo da The New Yorker) é que isso aqui não envelhece. Uma das coisas que costumava me desencantar de ser um jornalista era pensar que eu ia me matar, diariamente, para escrever uma matéria para um jornal que, um dia depois de publicado, seria jogado no lixo ou servir para embalar cocô de cachorro. Tudo no jornalismo diário é meio volátil. E eu acho que eu nunca gostei muito da idéia de ficar escrevendo noticinhas que, depois de lidas, seriam logo esquecidas. O jornalismo literário da Piauí é muito mais “permanente”. Você pode deixar as Piauís do ano passado na prateleira e depois de muito tempo pegá-las pra ler e descobrir que elas NÃO ENVELHECERAM de jeito nenhum. As matérias contiuam interessantes; o texto continua delicioso de ler; o assunto continua relevante, curioso e/ou empolgante... pra mim, elas ficam na prateleira mais como livros do que como revistas, e eu ando achando que a Piauí cai mais pro lado da literatura do que do jornalismo. O que eu acho ótimo.

Eu sei que muita gente se sente desencorajado frente ao tamanho dos troços lá publicados. Eu mesmo, muitas vezes, já me peguei tendo altos ataques de preguiça ao dar uma olhada no tamanho de algumas das matérias. Me disse, por exemplo, quando vi aquela mega-reportagem sobre os malucos que se metem na selva para estudar línguas indígenas ameaçadas de extinção: “mas por que diabos eu iria querer saber sobre uns linguistas aí que ficam na selva aprendendo idiomas bizonhos?! Pra quê vou perder meu tempo com isso?!” Mas essa matéria foi absurdamente excitante pra mim pelo efeito que causou. Comecei como quem não quer nada, pensando em parar logo nos primeiros parágrafos, mas aí a coisa foi lentamente me prendendo, começando a cativar, e quando eu vi eu tava empolgadérrimo, descobrindo um monte de coisa interessante, pensando as coisas mais bizarras sobre a vida e a loucura humana... por exemplo: o que leva um ser a perder 25 anos de sua vida no meio de uma ilha no meio da Amazônia, aprendendo um idioma falado por uma centena de índios, só para fabricar uma Bíblia naquela língua minúscula? E como eu dei risada da teoria teológica que os caras tem: segundo eles, da primeira vez que Deus mandou o messias para a Terra, plantou-o num “povinho de merda”, os judeus, e que quando ele voltar é bem possível que caia, de novo, no meio de outro povinho de merda, tipo alguma tribo indígena no meio da Amazônia. Aí, os missionários linguistas acham muito útil fabricar Bíblias em todos os idiomas possíveis, para que o Messias, onde quer que nasça, possa ser devidamente catequisado e continuar o legado de seu antecessor... Ah, a loucura humana!...

Enfim, tô achando a Piauí muito foda. Escrever lá virou meu sonho, apesar de eu ainda achar que eu tenho muito o que aprender até estar no nível daquilo lá. Mas eu não tô só LENDO a Piauí: tô ESTUDANDO a Piauí. E sentindo que tô aprendendo mais com ela do que em 4 anos de faculdade de jornalismo...


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/// GREATEST HITS \\\

(uma pequena seleção com trechos de algumas das matérias que eu mais curti ler nessas Piauís dos últimos meses... várias curiosidades interessantes...)



O CHEIRO DA POBREZA: “...o objeto que representa a civilização e o progresso não é o livro, o telefone, a Internet ou a bomba atômica, e sim a privada. Onde os seres humanos esvaziam a bexiga e os intestinos é determinante para saber se ainda estão mergulhados na barbárie do subdesenvolvimento, ou se já começaram a progredir. (...) No mínimo um terço da população do planeta – uns 2,6 bilhões de pessoas – não sabe o que é um sanitário, uma latrina, uma fossa séptica, e faz suas necessidades como os animais, no mato, à beira de córregos e manaciais, ou em sacolas e latas que são jogados no meio da rua. E mais ou menos 1 bilhão utiliza águas contaminadas por fezes humanas e animais para beber, cozinhar, lavar a roupa e fazer a higiene pessoal. Isso faz com que pelo menos 1,8 milhão de crianças morram, a cada ano, vítimas de diarréia. E que doenças infecciosas como cólera, tifo e parasitoses, causadas pelo que o relatório chama eufemisticamente de “falta de acesso ao saneamento”, provoquem enormes devastações na África, na Ásia e na América Latina, constituindo a segunda causa de mortalidade infantil no mundo. (...) Não resisto a citar essa estatítisca do relatório: “Quando um europeu puxa uma descarga, ou quando um americano toma banho, utiliza mais água do que a disponível para centenas de milhões de indivíduos que vivem em bairros degradados ou zonas áridas do mundo em desenvolvimento”. E também a estimativa de que, com a água poupada caso os “civilizados” fechássemos a torneira enquanto escovamos os dentes, um continente inteiro de “bárbaros” poderia tomar banho.(...)O relatório radiografa com dramática precisão o extraordinário privilégio de que os outros dois terços desfrutamos toda vez que, quase sem perceber, abrimos uma torneira para lavar as mãos ou o chuveiro para receber esse jato de água fresca que nos limpa e revigora. (...) Como é infinitamente diversa a experiência desses bilhões de seres humanos que nascem, vivem e morrem literalmente sufocados pela própria imundície, sem conseguir arrancá-la de suas vidas, pois, visível ou invisível, a sujeira fecal que expulsam volta para eles como uma maldição divina, na comida que comem, na água em que se lavam e até no ar que respiram, causando-lhes doenças e mantendo-os no limite da subsistência...(...)Um calafrio deveria subir por nossas costas como uma cobra de gelo ao pensarmos que um terço de nossos contemporâneos nunca acaba de sair da imundície em que veio a este vale de lágrimas.” - - - O CHEIRO DA POBREZA (de Mario Vargas Llosa, pg. 34-35 da piaui de fevereiro de 2007).


CADÁVERES PARA AS ESCOLAS DE MEDICINA: “...[a doação de cadáver para uma escola de medicina é um gesto útil para] mudar uma cultura na qual se glorifica a doação de órgãos, mas se resiste à idéia de entregar um cadáver, material de primeira necessidade para quem estuda medicina. (...) O ideal é que se tenha um cadáver inteiro – também chamado de ‘fresco’ ou ‘novo’, isto é, não trabalhado por turmas anteriores – para cada grupo de seis alunos. (...) O ensino médico nacional tem uma demanda anual de pelo menos 2.000 cadáveres. (...) O uso de cadáveres em estudo e a dificuldade em obtê-los remontam a períodos medievais quando pesquisadores roubavam corpos de cemitérios. No Brasil, até os anos 60, os hospitais psiquiátricos eram os grandes fornecedores de corpos para pesquisa. (...) Em 1992, a lei 8.501 veio para disciplinar o uso do cadáver para ensino, muitas vezes abusivo e irresponsável. Desde então, só podem ser utilizados pelas escolas corpos identificados, vítimas de morte natural e que não são reclamados num prazo de trinta dias. (...) [O professor Aparecido Liberti, do ICB da USP]: ‘Nosso departamento recebe 50 mil reais por ano para todas as despesas, temos que dividir os gastos dos cadáveres com material de limpeza, xerox, cafezinho. Estamos lutando para que o cadáver seja um material didático, como multimídia, datashows, giz...’ (...) [Professores] cultivam a esperança de que no Brasil se cultue a cultura de doação de cadáveres. (...) Ao contrário do que se costuma imaginar, alunos e professores de anatomia conservam uma reverência especial ao corpo de um morto. (...) ‘Os alunos vão sair daqui e se defrontar com o cotidiano de um pronto-socorro, daí ser preciso elaborar esse contato com o sofrimento.’ - - - AULA DE ANATOMIA, pg. 24-25, novembro/2006

AUMENTO PENIANO: “...numa pesquisa feita nos EUA, 99% dos homens disseram que aumentariam o pênis, caso houvesse uma forma mágica – sem riscos, constrangimento, esforço ou custo – de fazê-lo. (...) Para desilusão dos pacientes, [o presidente da Associação Brasileira de Urologia] explica que ainda não foi desenvolvido nenhum tratamento eficiente e seguro. (...) A técnica mais comum consiste em cortar um ligamento que prende o pênis ao osso pélvico e puxá-lo de um a dois centímetros para fora (cerca de um terço do pênis fica dentro do corpo). (...) Por enquanto, a única forma de aumentar o pênis é mesmo a proposta pelo poeta: morrer e nascer de novo. (...) [No Google, em português] ‘aumento de pênis’ tem 187 mil ocorrências, contra 87 mil de ‘Paz na Terra’ e 18.800 de ‘Como ficar rico’. (...) A palavra ‘mulher’ mal aparece na boca desses pacientes, eclipsada sob a enorme sombra de ‘vestiário’. (...) Se o tamanho do pênis fosse determinante no sucesso do indivíduo, teríamos uma elite de negros, uma classe média de caucasianos e a Ásia abandonada à sua própria sorte. (...) De todos os primatas, o homem é não só o de maior cérebro, mas também o de maior pênis. (...) ...muitos destes inconsoláveis que, por mais que ouvissem explicações, não se conformavam com a idéia de que ‘mais vale um pequenino brincalhão do que um grande bobalhão’ ou ‘não importa o tamanho da vara de condão, mas a mágica de que ela é capaz’. (...) [Fernanda Lima]: ‘Acho que, na real, o que importa nessa história de pau é a segurança que ele traz a seu dono.’. - - - ENLARGE YOUR PENIS! (de Antonio Prata), pg. 18-19, dezembro de 2006

O LIMBO FOI ABOLIDO!: “Anunciou-se que o limbo deixara de existir oficialmente numa sexta-feira, 4 de Outubro de 2006, data em que o Santo Padre decretaria seu fim. [Bento XVI]: ‘Pessoalmente, eu aboliria o limbo, visto que ele foi sempre uma simples hipótese teológica’. Na sexta-feita em causa, muita gente suspendeu a respiração na expectativa de saber o destino das criancinhas não batizadas, condôminas por excelência do limbo.(...) [Para o teólogo Carneiro de Andrade] o limbo é assunto tão ultrapassado quanto o debate sobre o número de anjos que cabem na cabeça de um alfinete.(...) [Segundo a teóloga Clara Bingemer] o limbo foi uma saída honrosa para lidar com as crianças mortas prematuramente. Antes de Agostinho, os pais da Igreja enfrentavam a situação dando piruetas teológicas. Para não condenar bebês ao fogo do inferno, inventaram zonas intermediárias entre a bem-aventurança e o horror. O limbo seria como uma sala de espera chatíssima. (...) Com o tempo, a noção de zonas intermediárias foi sendo recuperada – seria embaraçoso demais condenar crianças ao fogo eterno.” - - - O LIMBO NÃO PASSA DE UM TEOLOGÚMENO, pg. 48-89, novembro/2006

LAGOS, na Nigéria: “Em 1950, menos de 300 mil pessoas viviam em Lagos. Na 2a metade do século 20, a cidade cresceu a uma taxa de mais de 6% ao ano. Ela é atualmente a sexta maior cidade do mundo, e continua a crescer mais rapidamente que qualquer uma das outras megacidades. (...) Estima-se que em 2015 Lagos terá 21 milhões de habitantes e será a terceira megacidade, depois de Tóquio e Mumbai (antiga Bombaim). (...) A vibração dos favelados em Lagos é a atividade furiosa de pessoas que vivem numa economia globalizada e não têm nem rede de proteção nem esperança de ascender socialmente. (...) Cerca de 1 bilhão de pessoas – quase metade da população urbana dos países em desenvolvimento – vive em favelas. (...) Para alguns intelectuais ocidentais, Lagos se tornou o arquétipo da megacidade – talvez porque seu crescimento tenha sido tão explosivo, ou porque sua paisagem urbana tenha se tornado tão apocalíptica. (...) A megacidade não estimula a responsabilidade social e a ação coletiva voltadas para a melhoria da vida em sociedade. Sua própria escala favorece a pulverização. A ausência de serviços públicos na maioria dos bairros raramente provoca protestos. Em vez disso, ela obriga os moradores das favelas a se tornarem auto-suficientes por meio de atividades ilegais. Eles fazem ligações elétricas clandestinas, provocando apagões e incêndios. Pagam as gangues locais para prover segurança, o que significa que a justiça nas favelas é sumária. (...) A visão de 23 milhões de pessoas espremidas, tentando sobreviver como cobaias de uma experiência fracassada de um demógrafo louco, enche Gbadebo-Smith de maus pressentimentos. (...) ‘Estamos sentados num barril de pólvora’, disse. ‘Se não cuidarmos do crescimento econômico, e com muito vigor, não tenho dúvida sobre o que vai acontecer aqui no futuro: a cidade ferverá e transbordará.’ E acrescentou: ‘Sabe o que mais? Se tudo falhar, o mundo vai sentir o peso do fracasso de Lagos.’Existe uma possibilidade ainda mais desanimadora: que o mundo não sinta o peso do fracasso de Lagos. O fato mais perturbador sobre os catadores e camelôs de Lagos é que a vida deles não tem praticamente nada a ver com a nossa. Eles vivem de restos. Eles são, na linguagem áspera da globalização, supérfluos.” A MEGACIDADE (de George Packer) (pg 20-25) – fev 2007


TOM WAITS: “...transformou a música americana na canção de homens e mulheres comuns, surpreendidos naquelo beco turvo e malcheiroso que fica entre a retórica pueril do ‘sonho americano’ e a impiedosa realidade da vida contemporânea. (...) Outros compositores competentes – Dylan, Leonard Cohen – também extraíram ênfase dramática das suas laringes danificadas, adequadas ao gume cortante das suas letras. Na direção oposta, o vagido em falsete de Neil Young ficou mais e mais doloroso à medida que adquiria uma urgência desesperada. Mas nenhum deles cogitou em transformar sua voz num retrato sonoro de um país, de maneira tão inteligente – e bem-sucedida – como Waits. (...) Existe algo de shakespeariano na vastidão da sua abordagem da vida americana moderna, na sua espantosa capacidade de penetrar nas cabeças e nos pulmões de, entre outros, bêbados de bar, putas, viciados, locutores de circo, veteranos de guerra com braços e pernas salpicados de fragmentos de metal e reduzidos a vender suas medalhas na calçada, pregadores pentecostais trovejando sobre o fim do mundo, ex-craques arruinados do beisebol devastados pela bebida, malucos de pavio curto... (...) Quando se mergulha no mundo de Waits, não se embarca numa viagem de sonhos à terra da melodia alegre e do acalanto musical. (...) Embora seja vinagre nas feridas abertas do sentimentalismo otimista americano mais piegas, também existe paixão e ternura fervilhando nas suas canções... as letras de amor de Tom Waits ardem de um salgado desencanto. (...) Ouvir essas canções é como mascar arame farpado.” (SIMON SCHAMA, Coração Aos Pedaços, pg. 55 da Piauí de fev 2006)


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APAULíNEO E JOHNISÍACO!: “A força propulsora desse mecanismo era (eis a minha tese central) a interação dialética de Lennon & McCartney. Uso a palavra sem pedantismo, em seu sentido mais amplo. Dialética é diálogo, embate, discussão. Mas também o jogo permanente e sem descanso. Adição e contradição; unidade e multiplicidade; identidade e diferença. Movimento e síntese. Dois compositores igualmente geniais, mas com inclinações distintas, por vezes opostas. Dois líderes cheios de idéias e talento. Um levando o outro a permanentemente se superar. Ambos avançando: ora juntos, ora separados. Nenhum permitindo ao outro se acomodar. Nenhuma aceitando ser deixado para trás.

(...)Lennon era um purista musical, apegado a suas raízes, calcadas no rock n’ roll, rhythm’n’blues e country & western. Quem embarcou de cabeça na vanguarda musical dos anos 60, quem verdadeiramente viajou na explosão lisérgica foi Paul McCartney, um perfeccionista dado a experimentos, colagens, finais falsos, mudanças tonais e delírios orquestrais.

(...)Nietzsche atribui o caráter dionisíaco aos nossos impulsos rebeldes, subjetivos, irracionais, apaixonados, lunares; forças do transe e da intoxicação, que questionam e subvertem a ordem vigente. Em contrapartida, designa como apolíneas as nossas tendências ordenadoras, objetivas, racionais, serenas, solares; forças do sonho e da profecia, que promovem e aprimoram o mundo. Ao se unirem, tais forças teriam criado, a seu ver, a mais nobre forma de arte que jamais existiu.

Como criadores, tanto o metódico Paul McCartney quanto o irrequieto John Lennon expressavam à perfeição a dualidade proposta por Nieztsche, que ouso traduzir pelos termos Apaulíneo e Johnisíaco. Lennon punha o mundo abaixo; McCartney construía novos monumentos. Lennon abria mentes; McCartney aquecia corações. Lennon trazia vigor e energia; McCartney impunha senso estético e coesão. Não raro, os papéis se alternavam, se complementavam, se fundiam.” (Marcelo O Dantas), pg 62-63, dezembro de 2006.