quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

los hermanos + piauí

A Fiona Apple tem um verso que é a minha cara: "I try to talk sense to myself but I just won't listen". Eu tento dar conselho pra mim mesmo, mas eu simplesmente não ouço. Por exemplo, pra ficar só nos conselhos amenos: me mando largar mão de ser prolixo e escrever uns textos menorzinhos, já que é cada vez mais óbvio que quase ninguém tem saco pra ficar lendo numa tela de computador essas enormidades que eu cometo ... Mas aí eu me sento pra escrever sobre alguma coisa muito importante pra mim e meio que... decolo. Quero fazer jus à banda, ao filme, ao livro, e quando vejo tô chegando na décima págima de Word e ainda tô longe de dizer tudo o que eu queria.

Tudo isso pra dizer que já faz uns 15 dias que eu tô rascunhando doidamente um texto sobre os Los Hermanos que tá virando quase um livro. Só sobre "O Velho e O Moço" tenho vontade de escrever um ensaio de interpretação poética de 2 folhas - fazendo analogia com De Volta Pro Futuro e tudo! :P Não sei se é pura megalomania, mas às vezes eu me perco em sonhos meio exagerados mas que, nos meus dias de otimismo, até me parecem verossímeis... por exemplo: se eu tivesse menos vergonha na cara e mais confiança em mim mesmo, tentava arranjar umas entrevistas com Camelo, Amarante e companhia e me candidatava pra escrever a primeira biografia oficial dos caras... Eu ia achar a coisa mais massa que já aconteceu na minha vida.

Logo mais, portanto, postarei aqui imensos blocos de texto sobre os Hermanos, que pouco a pouco se tornaram, sem dúvida alguma, minha banda nacional predileta de todos os tempos.

Tenho também a ambição de quem sabe um dia ainda lançar um livrinho, talvez um pocketzinho como aqueles que a Conrad soltou com Lester Bangs, Greil Marcus e companhia, reunindo meus melhores textos sobre música. Acho que já tenho um material prumas boas 100 páginas, se eu juntar Nirvana, Ramones, Jeff Buckley, Wilco, John Frusciante, Fiona Apple, Fugazi, John Lennon, e, agora, Los Hermanos. Sei bem que eu sou um completo zé-ninguém, sem renome nenhum, sem nada pra colocar no currículo, sem bulhufas de experiência profissional e mero dono de um bloguizinho obscuro conhecido por meia dúzia de gatos pingados. Mas paixão pela música, e gosto por escrever sobre isso, eu acho que eu tenho de sobra. E por que não botar fé, uma vez na vida, pra largar de ser o tonto que sempre perde no W.O.?

Além da bíblia hermânica, tô também gastando meus miolos à beça para bolar meu texto pro GRANDE CONCURSO LITERÁRIO DA PIAUÍ. Tão sabendo? A revista abriu uma nova seção que vai publicar mensalmente o melhor conto que chegar à redação, que terá a honra suprema de ser impresso em 50.000 exemplares daquela que é, provavelmente, uma das melhores revistas do jornalismo brasileiro atual. As regras são simples: todo mês eles vão fornecer uma frase meio maluca, sem pé nem cabeça, que você tem que meter dentro do seu conto. Esse mês a frase é: "Mas Alice, eu já disse que não sou mitômano!" Máximo de 3.200 caracteres. Os textos devem ser enviados até o dia 20 de cada mês, e ficarão "expostos à impiedade do juízo público" no site oficial da Piauí. A concorrência, obviamente, é imensa... mas mesmo assim...

Mesmo assim me empolguei com esse negócio e tô muito afim de suar minha alma até não poder mais para escrever um texto foda (pena que tenho só mais 4 dias pela frente...). Já rascunhei o conto uns dias atrás, e agora tô, dia após dia, quebrando a cabeça para aperfeiçoar. Meu velho problema é a maldita prolixidade: meu primeiro rascunho estourou os 4.300 caracteres. Também por isso eu acho que essa vai ser uma experiência muito válida: eu vou ser obrigado a enxugar o meu texto ao máximo, retirando tudo o que for supérfluo e excessivo, pra ver se aprendo a ter um pouco mais de concisão e concentrar mais sentido em poucas palavras. Fiquei fazendo altos malabarismos de imaginação para fabricar na minha cabeça a personagem Alice, para dar a ela um passado, uma personalidade, um problema existencial, um relacionamento amoroso em crise, e agora tô enrolado e não sei como pintar o retrato dela em 3.000 míseros caracteres. Acho bem provável que meu texto vá ser recusado por não ter muito a "cara piauí", mas eu não quis ficar fazendo gracinhas e metendo piadinhas só para ficar mais adequado ao que se supõe que eles desejam. Quero escrever algo com a minha cara, mesmo que acabe saindo algo melancólico e sério. Se num der pé, tudo bem: mês que vem eu tento de novo, e em abril, em maio, em junho... Espero que esse concurso seja pra sempre e dure pelos 50 anos que eu gostaria que a Piauí vivesse, pra que um dia eu ainda possa ter o imenso prazer de estar lá impresso...

p.s.: aí em baixo, o 1o vídeo do YouTube que posto por aqui... vejam se está funfando direito aê. Estive tentando faz tempo dar um "post video" por lá, e sempre tava treta... agora parece que foi.