Começou o 12º "É Tudo Verdade", o maior e melhor festival de documentários da América Latina, contando esse ano com 141 filmes e uma mostra imperdível com uns 20 curtas e médias-metragem do Kieslowski, o grande mestre polonês. Ontem enfrentei uma maratona de 3 filmes na sequência no charmoso CineSESC e saí de lá com os olhos ardendo, as costas massacradas, mas a alma feliz e de pança cheia. Adoro documentários cada vez mais: o que eu aprendi ontem sobre a Rússia, Stálin, Lênin e a guerra da Chechênia eu não aprenderia em um semestre de aulas... Quase sempre sinto que eu aprendo demais vendo documentários: é aquela junção do prazer de assistir com a utilidade de conhecer... uma maravilha.
A sessão do "Santiago", do João Moreira Salles, foi um baita dum evento - um tanto bizarro, mas que prova o quanto São Paulo é uma cidade adoravelmente cinéfila. Uma hora antes da sessão e a fila já virava a esquina da Rua Augusta - um mar de gente. Parecia show. Como manda a lei de Murphy, quando eu tava pertinho da bilheteria, depois de uns 40 minutinhos andando a passo de tartaruga, os ingressos foram declarados esgotados. Dá pra acreditar? Mas eu, que na Mostra do ano passado aprendi a ser perseverante (entrei no "Candy" e no "A Scanner Darkly" de última hora, dando uma de chatão e perguntando pr'uma dúzia de pessoas se tinham ingresso pra vender... ano passado deu certo!). Fiquei ali esperando pra ver se a mocinha da organização acatava a idéia de liberar entradas pro povo que aceitava assistir no chão mesmo - eu entre eles, que num sou de frescura...
Enquanto esperava, aconteceu um encontro inesperado com uma celebridade: fui ABORDADO pelo Hector Babenco, aquele mesmo do Pixote e do Carandiru, que sei lá porque cargas d'água me escolheu, naquela fila imensa, para perguntar se era ali que pegava o ingresso. Eu respondi que eles estavam esgotados mas o pessoal da organização estava vendo de liberar entrada para mais uma negada, que sentaria no chão mesmo... Ele me olhou com aquela cara de "má como?! no chão!? pensei que eu estava num país civilizado! preciso me mandar de volta pra Argentina!", e depois saiu bufando pra ver se conseguia com alguém uma entrada VIP. Conseguiu. E eu entrei e assisti sentado no chão, no meio da maior muvuca, no fundão do CineSESC, com um monte de cabeçonas tomando a parte inferior da tela - e tive uma das sessões de cinema mais adoráveis da minha vida.
O João Moreira Salles, que é um dos idealizadores da revista Piauí e demorou 13 anos para finalizar esse seu "Santiago", fez um dos documentários mais originais, sutis e bonitos que já foram produzidos no Brasil. Recomendo a todos que não percam de jeito nenhum. O filme é um primor... um humor muito sutil, uma poética bem original, um pebê classudo, e, acima de tudo, um "personagem da vida real" inesquecível, que gera um retrato para ficar na história de uma figuraça: o mordomo Santiago, homem das 30.000 páginas, fã de lutadores de boxe, gladiadores romanos, aristocracrias antigas e Hebe Camargo. Filme adorável, para começar muito bem um festival que promete - grande parte da minha semana vai ser "perdida" por lá. Tudigrátis, aliás. A programação inteira está aqui no SITE OFICIAL; eu selecionei pra ver, por enquanto, "O Pesadelo de Darwin", "Iraque em Fragmentos", "Para Sempre", "Papel Não Embrulha Brasas" e uma pá dos Kieslowski. Fica aí a dica...
A sessão do "Santiago", do João Moreira Salles, foi um baita dum evento - um tanto bizarro, mas que prova o quanto São Paulo é uma cidade adoravelmente cinéfila. Uma hora antes da sessão e a fila já virava a esquina da Rua Augusta - um mar de gente. Parecia show. Como manda a lei de Murphy, quando eu tava pertinho da bilheteria, depois de uns 40 minutinhos andando a passo de tartaruga, os ingressos foram declarados esgotados. Dá pra acreditar? Mas eu, que na Mostra do ano passado aprendi a ser perseverante (entrei no "Candy" e no "A Scanner Darkly" de última hora, dando uma de chatão e perguntando pr'uma dúzia de pessoas se tinham ingresso pra vender... ano passado deu certo!). Fiquei ali esperando pra ver se a mocinha da organização acatava a idéia de liberar entradas pro povo que aceitava assistir no chão mesmo - eu entre eles, que num sou de frescura...
Enquanto esperava, aconteceu um encontro inesperado com uma celebridade: fui ABORDADO pelo Hector Babenco, aquele mesmo do Pixote e do Carandiru, que sei lá porque cargas d'água me escolheu, naquela fila imensa, para perguntar se era ali que pegava o ingresso. Eu respondi que eles estavam esgotados mas o pessoal da organização estava vendo de liberar entrada para mais uma negada, que sentaria no chão mesmo... Ele me olhou com aquela cara de "má como?! no chão!? pensei que eu estava num país civilizado! preciso me mandar de volta pra Argentina!", e depois saiu bufando pra ver se conseguia com alguém uma entrada VIP. Conseguiu. E eu entrei e assisti sentado no chão, no meio da maior muvuca, no fundão do CineSESC, com um monte de cabeçonas tomando a parte inferior da tela - e tive uma das sessões de cinema mais adoráveis da minha vida.
O João Moreira Salles, que é um dos idealizadores da revista Piauí e demorou 13 anos para finalizar esse seu "Santiago", fez um dos documentários mais originais, sutis e bonitos que já foram produzidos no Brasil. Recomendo a todos que não percam de jeito nenhum. O filme é um primor... um humor muito sutil, uma poética bem original, um pebê classudo, e, acima de tudo, um "personagem da vida real" inesquecível, que gera um retrato para ficar na história de uma figuraça: o mordomo Santiago, homem das 30.000 páginas, fã de lutadores de boxe, gladiadores romanos, aristocracrias antigas e Hebe Camargo. Filme adorável, para começar muito bem um festival que promete - grande parte da minha semana vai ser "perdida" por lá. Tudigrátis, aliás. A programação inteira está aqui no SITE OFICIAL; eu selecionei pra ver, por enquanto, "O Pesadelo de Darwin", "Iraque em Fragmentos", "Para Sempre", "Papel Não Embrulha Brasas" e uma pá dos Kieslowski. Fica aí a dica...
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E quarta-feira tem show imperdível pra quem curte rock alternativo e underground - o duo The Evens, nova banda do grande Ian MacKaye (ex-líder do Fugazi e do Minor Threat), toca no SESC Vila Mariana por 10 pilas. Estarei lá, com certeza, gritando "Toca 'Waiting Room!"
E quarta-feira tem show imperdível pra quem curte rock alternativo e underground - o duo The Evens, nova banda do grande Ian MacKaye (ex-líder do Fugazi e do Minor Threat), toca no SESC Vila Mariana por 10 pilas. Estarei lá, com certeza, gritando "Toca 'Waiting Room!"
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Aproveitando a deixa, já que o espírito dos tempos, pelo menos em Sampa City, é falar sobre documentários, vai aí uma pequena listinha de docs trimmassa que eu recomendo:
TOP 15 documentários
(todos os tempos)
(todos os tempos)
* Ônibus 174 - do José Padilha
* Verdades e Mentiras (F For Fake) - do Orson Welles
* Os EUA Contra John Lennon - do D. Leaf
* Edifício Master - do Eduardo Coutinho
* Crumb - do Terry Zwigoff
* O Homem Urso - do Werner Herzog
* Charles Bukowski: Born Into This - do John Dullaghan
* Stop Making Sense - do Jonathan Demme
* Tiros Em Columbine - do Michael Moore
* Corações e Mentes - do Peter Davis
* Na Captura dos Friedmans - do Andrew Jarecki
* The Corporation - vários diretores
* Sex Pistols - O Som e a Fúria - do Julien Temple
* A State of Mind - de Daniel Gordon
* O Prisioneiro da Grade de Ferro, do Paulo Sacramento
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