terça-feira, 13 de dezembro de 2005

-- MEUS 10 DISCOS DE 2005 --

#4


SLEATER-KINNEY
The Woods


O Sleater-Kinney, na hierarquia musical do meu coração, está muito perto do topo... uma banda tão fácil de amar! Quase todas as outras bandas que eu curto tem alguma característica, alguma fase da carreira, alguma música mais chinfrim, que num me deixam dar uma aprovação absoluta. Tem bandas que eu preciso PARAR PRA PENSAR pra decidir se são boas ou não - e essas não são realmente boas. Nunca tive que parar pra pensar se eu curto ou não o Sleater-Kinney: eu SENTIA, na hora, imediatamente, que estava frente a UMA DAS BANDAS DA MINHA VIDA. O que reprovar nas Sleaters? Não encontro nada pra falar de mal de uma banda que reúne tudo o que o rock tem de melhor: excitação, energia, vitalidade, explosão, grito, eletricidade bruta, sentimento em erupção, ritmo pulsante, sentimentalidade e visceralidade em doses certas... Em The Woods, sétimo álbum de estúdio do trio americano, o Sleater-Kinney mostra-se investindo cada vez mais no seu lado "épico". A banda deixou de ser um coletivo essencialmente ramônico ou riot girrrl, como era no início bikini-killesco da carreira, passando a ser um power trio de hard-rock apunkalado e de certo modo "virtuose". "The Woods" é mais um ponto de mutação na carreira de uma banda que percorreu um puta dum caminho evolutivo, partindo de um riot girl mal gravado e tosqueira(Call The Doctor), chegando à maestria do punk-ramônico bubblegum (Dig Me Out), flertando com uma new wave deliciosamente sentimental (The Hot Rock), até atingirem o estado de hard rock vulcânico, aventureiro e complexo de One Beat e The Woods. Agora rola até música de 10 minutos de duração ("Let's Call It Love"), com uns explosivos guitarrismos improvisados e hendrixianos - que não chegam nunca a soar como punheta. As músicas, cada vez mais complexas, com várias diferentes seções e andamentos, não caem nunca no prog: apesar de tudo, o Sleater-Kinney permanece punkish. E é difícil pensar numa música que consiga soar ao mesmo tempo imensamente irônica/satírica e totalmente sincera, como "Modern Girl", a primeira Balada com B Maiúsculo da carreira do trio. A Corin Tucker, talvez a minha vocalista de rock predileta em todos os tempos, tá cantando com aquela tradicional excitação e punch que me arrepiam os ossos e me dão os calafrios na carne e me deixam dizendo "uuuuuuuuuuaaaaaaauuu!". E prosseguem os duelos vocais e guitarrais entre ela e a Carrie Brownstein (a mina mais guitar-hero desse mundo). The Woods prova que o Sleater-Kinney continua em plena forma, conseguindo compor um sucessor à altura do excelente One Beat, de 2002 (disco que eu cultuo de joelhos todas as noites e que tá, por enquanto, no meu TOP 5 da década). Se elas lançarem mais uns dois álbuns do mesmo nível no futuro próximo, tem tudo para se tornarem a melhor banda desta década. Pelo menos pra mim...