sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

-- MEUS 10 DISCOS DE 2005 --

# 7


JACK JOHNSON
In Between Dreams

Alguns chamam de “música de surfista”, mas não tem nada por aqui que lembre o surf rock de Dick Dale, Ventures, Man Or AstroMan e coisas parecidas – nem mesmo guitarras. O rótulo só se aplica se for literal: Jack Johnson, antes de virar compositor, foi surfista profissional de primeiro porte, com patrocínio da Quiksilver e tudo, se destacando na cena de seu Hawai natal. Outros chamam de “música de maconheiro”, e aí a definição já cola melhor, apesar de eu não ter certeza se a cannabis está entre as “musas inspiradoras” de Jack. Eu gosto mesmo de chamar de folk-rock introspectivo e cool, algo como um Neil Young rejuvenescido e aéreo. Jack Johnson me parece mais próximo também dum Iron & Wine (se bem que mais extrovertido) ou de um Nick Drake (um tanto menos tristonho) do que de qualquer banda de rock-pop ensolarado. Cantando baixinho, aos sussurros, quase à maneira de um lullaby, o cara transmite uma tranquilidade singela às suas canções essencialmente acústicas e pacíficas. Nada por aqui é extremamente festeiro e brilhante: a música de Jack Johnson, se tem algo a ver com praia, é mais com aqueles momentos no fim da tarde, quando o Sol está se pondo no horizonte e tingindo o céu com uma bela escuridão, quando uma maresia mais gelada começa a arrepiar as peles, enquanto um luauzinho rola na areia... algo assim. Violõezinhos mansos, vocais serenos, letrinhas trimmassa, mensagem de hedonismo leve e sem grandes transes. Eis um disco que me deixa na paz. Se os ditadores e senhores da guerra desse mundo fossem fãs de Jack Johnson, com certeza um número muito menor de guerras seriam travadas. O cara merece por isso não somente o título de um grande compositor e cantor: merece o de MESTRE ZEN. (!!!!)